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Estudo brasileiro propõe novo método de combate ao câncer de mama (29 notícias)

Publicado em 10 de setembro de 2024

Um estudo publicado na Nature Communications, liderado por cientistas brasileiros, sugere uma nova abordagem para tratar o câncer de mama, focando em duas proteínas importantes para a progressão do tumor: HuR e glutaminase. A pesquisa demonstra que as células tumorais exigem grande quantidade de glutamina, que é convertida em glutamato pela ação da enzima glutaminase, um processo essencial para o crescimento acelerado dos tumores.

A glutaminase, que possui três isoformas (GAC, KGA e LGA), desempenha um papel importante no metabolismo tumoral. As pesquisas indicam que a enzima é um alvo promissor para terapias devido às suas diferentes formas e suas relações distintas com o avanço do câncer.

Douglas Adamoski, principal autor do estudo e doutorando bolsista da FAPESP, destaca a relevância da glutaminase para o metabolismo das células cancerosas. “A glutaminase transforma a glutamina em compostos que alimentam o ciclo de energia das células, crucial para o rápido crescimento dos tumores”, explica Adamoski.

A inovação do estudo está na combinação da inibição da glutaminase com a regulação da proteína HuR, que controla o metabolismo do RNA da enzima. Sandra Martha Gomes Dias, pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), enfatiza que a pesquisa explora pela primeira vez o papel da HuR na regulação do metabolismo celular, incluindo processos metabólicos como glicólise, ciclo de Krebs e síntese de ácidos graxos.

Elevados níveis de HuR têm sido associados a um aumento na expressão de genes que promovem a sobrevivência e proliferação das células cancerosas, o que sugere que a proteína também pode ser um alvo terapêutico valioso. “Já foram identificados inibidores de HuR e desenvolvidas novas formulações para sua entrega específica às células tumorais com atividade anticâncer promissora”, ressalta Dias.

O estudo mostra que a proteína HuR, frequentemente superexpressa em vários tipos de câncer, influencia a produção das diferentes isoformas da glutaminase. A redução de HuR aumentou a produção da isoforma GAC, acelerando a conversão de glutamina em glutamato e tornando as células cancerosas mais dependentes desse aminoácido.

Além disso, ao diminuir a expressão de HuR e inibir a glutaminase quimicamente, os pesquisadores conseguiram reduzir significativamente o crescimento e a invasão das células de câncer de mama. A pesquisa contou com a colaboração de instituições renomadas, como o CNPEM, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Washington University School of Medicine (EUA), University of Medicine Iuliu-Hatieganu (Romênia) e Universidade do Texas (EUA).

Essas descobertas abrem novas possibilidades para o tratamento do câncer de mama, sugerindo que a combinação de inibição da glutaminase e da HuR pode ser uma estratégia terapêutica eficaz. O estudo atual segue um trabalho anterior apoiado pela FAPESP, que ajudou a esclarecer o papel da glutaminase no metabolismo celular e sua relação com a progressão do câncer e metástases.