De acordo com uma pesquisa feita pelo Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP), com apoio da FAPESP, apesar de o coronavírus permanecer ativo em pacientes leves por uma média de 14 dias, em alguns casos o período pode ser estendido para mais de um mês.
O estudo, publicado em versão pré-print, ou seja, ainda não revisado pela comunidade científica, descreve o quadro de duas pacientes de aproximadamente 50 anos, moradoras de São Caetano do Sul, em São Paulo.
Uma delas foi atendida em abril de 2020 apresentando sintomas leves: tosse seca, dor de cabeça, fraqueza, dor no corpo e nas articulações. Foi feito exame RT-PCR, que confirmou a presença do coronavírus. Nos dias seguintes, outros sinais da infecção, como náusea, vômito, perda de olfato e paladar, apareceram. Outro teste foi executado 37 dias após o começo dos sintomas e foi novamente positivo.
No segundo caso, a paciente foi diagnosticada no quinto dia de sintomas, também com sinais como febre, dor de cabeça, tosse, fraqueza, coriza, náusea e dor no corpo e articulações. Os problemas persistiram e outro teste foi feito no 24º dia após o aparecimento dos sintomas, e o resultado foi positivo. A paciente continuou sintomática por 35 dias.
Por não serem casos típicos, os pesquisadores decidiram fazer uma análise mais aprofundada das amostras, e descobriram que o coronavírus, mesmo depois de tanto tempo, ainda permanecia viável e capaz de infectar outras pessoas.
Além das duas pacientes, amostras de outras 50 pessoas foram analisadas. De acordo com os cientistas, em 18% dos voluntários, o teste de Covid-19 permaneceu positivo por até 50 dias. Na avaliação dos especialistas, o isolamento de 10 dias recomendado pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos não é suficiente para evitar novas contaminações.