Notícia

TRBN - Tribuna da Bahia

Estudo brasileiro investiga o efeito da musculação no cérebro de idosos (97 notícias)

Publicado em 12 de março de 2025

A pesquisa envolveu 44 pessoas com comprometimento cognitivo leve – condição clínica intermediária entre o envelhecimento normal e a doença de Alzheimer

Por Maria Fernanda Ziegler, da Agência FAPESP

Os benefícios da musculação são amplos: promove o ganho de força e massa muscular, diminui a gordura corporal, contribui para o bem-estar e a saúde mental . E agora um estudo feito na Universidade Estadual de Campinas ( Unicamp ) comprovou outro efeito importante: protege o cérebro de idosos contra demências. Os resultados foram divulgados na revista GeroScience.

A pesquisa envolveu 44 pessoas com comprometimento cognitivo leve – condição clínica intermediária entre o envelhecimento normal e a doença de Alzheimer , na qual há uma perda cognitiva em extensão maior do que a esperada para a idade, indicando maior risco de demência. Os resultados revelam que o treino de força não só foi capaz de melhorar o desempenho da memória como também de alterar a anatomia cerebral.

Após seis meses praticando musculação duas vezes por semana, os participantes apresentaram proteção contra atrofia no hipocampo e pré-cúneo – áreas cerebrais associadas à doença de Alzheimer –, além de melhoras nos parâmetros que refletem a saúde dos neurônios (integridade da substância branca).

“Que haveria melhora da parte física a gente já sabia. A melhora cognitiva também já era imaginada, mas queríamos ver o efeito da musculação dentro do cérebro de idosos com comprometimento cognitivo leve. O estudo mostrou que, felizmente, a musculação é uma forte aliada contra demências, mesmo para pessoas que já apresentam risco elevado de desenvolvê-las”, afirma Isadora Ribeiro, bolsista de doutorado da FAPESP na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp e primeira autora do artigo.

O trabalho foi conduzido no âmbito do Instituto de Pesquisa sobre Neurociências e Neurotecnologia (BRAINN) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP – e é o primeiro a demonstrar o que acontece com a integridade da substância branca de indivíduos com comprometimento cognitivo leve após a prática de musculação.

“Além de testes neuropsicológicos, realizamos exames de ressonância magnética no início e no final do estudo. São resultados muito importantes por indicarem a necessidade de, no nível da atenção básica de saúde, incluir mais educadores físicos no sistema público, já que o aumento da força muscular está associado à diminuição do risco de demência. É um tratamento menos complexo e mais barato capaz de proteger as pessoas de doenças graves”, comenta Marcio Balthazar, pesquisador do BRAINN e orientador do estudo.