Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros sugere que a prática de exercícios físicos resistidos, como musculação, pode prevenir ou atrasar os sintomas do Alzheimer. A pesquisa foi conduzida por pesquisadores da Unifesp e da USP e publicado na terça-feira (6) na revista Frontiers in Neuroscience.
Enquanto muitos estudos existentes focam no potencial de práticas aeróbicas, como a corrida, contra o desenvolvimento do Alzheimer, a nova pesquisa decidiu focar em exercícios resistidos, que envolvem contrações musculares contra uma força externa.
"O exercício físico resistido se confirma cada vez mais como estratégia efetiva para evitar o surgimento dos sintomas de Alzheimer esporádica [não associada a uma mutação herdada], que é multifatorial e pode estar relacionada ao envelhecimento, ou para retardá-los nos casos da forma familiar da doença", disse Beatriz Monteiro Longo, professora de neurofisiologia da Unifesp e coordenadora do trabalho, à Folha de São Paulo.
Estudo
A investigação foi feita em camundongos geneticamente modificados com uma mutação associada a placas beta-amiloide, proteinas que se juntam no sistema nervoso central, comprometendo a transmissão de sinapses e danificando neurônios. O acúmulo no cérebro é um típico do Alzheimer.
Os camundongos foram separados em grupos e submetidos a uma rotina de exercícios, em uma escada inclinada com carga progressiva, durante quatro semanas.
Ao final do treinamento, um exame de sangue foi feito e constatou-se que os níveis de corticosterona (hormônio relacionado ao estresse e ao risco de desenvolver Alzheimer) foram normalizados, igualando-se ao de grupo controle, e a formação de placas beta-amiloide no cérebro dos animais diminuiu.
O mesmo tipo de exercício também reduziu a hiperlocomoção, um sintoma de ansiedade, nos camundongos com o fenótipo relacionado ao Alzheimer.
Com o resultado, os cientistas sugerem que o exercício de força pode ajudar a reverter alterações no cérebro e ser uma forma eficaz de prevenir ou retardar os sintomas do Alzheimer, principalmente na forma não hereditária da doença. Eles atribuem as mudanças ao potencial anti-inflamatório da prática.