Um estudo divulgado nesta terça-feira (5) por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto aponta o mecanismo que torna a nova variante do coronavírus mais transmissível. O vírus possuí uma proteína chamada spike em sua estrutura, que interage com um receptor das células humanas, o ACE2. De forma simplificada, o ACE2 é a "porta de entrada" do vírus no nosso corpo. Assim, ele consegue causar a Covid-19. O estudo foi apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e ainda é uma pré-publicação, ou seja, não foi selecionado por revistas científicas e revisado por outros cientistas.
Por meio de bioinformática, os cientistas brasileiros compararam a força de interação entre a spike e o receptor, como ela acontece na cepa original, detectada em Wuhan, e como é essa interação na nova variante, a B.1.1.7. Gerson Passos, que assina o artigo junto a Jadson Santos, ambos do Departamento de Genética da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, explica que os resultados mostram que a força de interação entre a proteína e o ACE2 na nova cepa é "muito maior".
"Usamos um software para medir essa força de interação. Tivemos que baixar de um banco de dados as estruturas químicas das proteínas, tanto da spike quanto do ACE2, e com a ajuda do programa fizemos a análise. O programa já é desenvolvido pra isso, ele mostra as interações que ocorrem bem ali onde as duas proteínas se 'encostam'", explicou Passos.