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Estudo aponta que 20 anos de regeneração são capazes de retomar 80% da ‘vida’ de florestas tropicais (72 notícias)

Publicado em 10 de dezembro de 2021

Por Matheus Muratori - redacao@souecologico.com

É possível trabalhar na recuperação das florestas tropicais, basta ter um planejamento eficiente e que pense efetivamente no meio ambiente. Estudo divulgado nesta sexta-feira (10) na revista Science aponta que a regeneração florestal recupera cerca de 80% do estoque de carbono, da fertilidade do solo e da diversidade de árvores dentro de 20 anos de preservação.

"É possível recuperar florestas tropicais por meio de processos naturais em tempo condizente com expectativas humanas. Porém, mesmo assim, é muito mais rápido destruir do que recuperar. Os resultados devem ser vistos com otimismo, mas também com responsabilidade", afirmou à Agência FAPESP Pedro Brancalion, professor do Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP).

O estudo aponta também que essa regeneração é uma solução barata para tentar contornar os efeitos, por exemplo, das mudanças climáticas e tentar seguir com a conservação da biodiversidade destas florestas.

"Outro ponto interessante do trabalho foi definir uma espécie de 'ordem cronológica' da recuperação das diversas funções das florestas tropicais, oferecendo subsídios para contribuir com projetos de restauração e de desenvolvimento sustentável previstos para a próxima década”, diz Bancalion, que está entre os autores do artigo junto de outros cientistas de diversos pontos do mundo, que compõem o grupo científico 2ndFOR.

Foram analisados 12 atributos florestais em 77 pontos, especialmente nas Américas e na África. São quatro grupos de características sobre solo (densidade aparente, carbono e nitrogênio); ao funcionamento do ecossistema (espécies de árvore fixadoras de nitrogênio, densidade da madeira e área foliar específica); à estrutura da mata (biomassa acima do solo, diâmetro máximo das árvores e heterogeneidade estrutural) e diversidade e composição de espécies.

Os solos são resilientes, com recuperação em até 120 anos em comparação com demais florestas conservadas. A recuperação mais rápida, inclusive, acontece primeiro pelo solo (fertilidade), seguido pelo funcionamento do ecossistema. A recuperação da estrutura e a diversidade da floresta vão de 25 e 60 anos, enquanto a retomada da biomassa acima do solo e da composição de espécies, que demoram mais de 120 anos, são as mais lentas. Clique aqui para ter acesso ao estudo.

Matheus Muratori - redacao@souecologico.com