Um modelo matemático desenvolvido na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) indica que, caso o isolamento social no estado de São Paulo não aumente nos próximos dias para conter a disseminação da covid-19, será necessária a adoção de lockdown (isolamento total obrigatório) para evitar que o sistema público de saúde atinja o limite da capacidade de atendimento.
O estudo é baseado em um modelo matemático desenvolvido pelo professor do Instituto de Geociências da Unicamp e coordenador do Programa Especial Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapesp), o matemático Renato Pedrosa.
O modelo utiliza dados do crescimento do número de casos de covid-19 do mês de abril em São Paulo, que indicam taxas de contágio da doença de 1,49 para o Estado e de 1,44 na Capital.
Isso significa que, no final de abril, cada 100 paulistas infectados pelo novo coronavírus transmitiam covid-19 para 149 pessoas, em média, ao longo de um período de 7,5 dias após se contaminar. No caso dos habitantes da Capital, 100 deles infectavam 144 pessoas no período de 7,5 dias.
A taxa de contágio é afetada diretamente pelo nível de isolamento social da localidade analisada. Ou seja, quanto maior o nível de isolamento, menor é a taxa de contágio, já que o encontro entre as pessoas diminui e isso minimiza a transmissão da doença.
ALERTA
O levantamento ressalta que mantidos esses níveis de contágio e as taxas de isolamento, que em média estão abaixo dos 50%, ainda em maio o sistema público de saúde da Região Metropolitana de São Paulo atingirá limite de atendimento, considerando que a ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) está acima de 80%.
“ E urgente que se amplie o nível de isolamento para que o crescimento da doença seja contido, mesmo considerando o efeito da obrigatoriedade do uso de máscaras. Se isso não for alcançado, São Paulo terá que adotar medidas drásticas, assim como ocorreu na Itália e França ”, destacou o matemático.
(Agência Brasil)