À CNN Rádio, Camila Moraes, responsável pela pesquisa, citou dois problemas culturais do país: a pressão estética por alimentos “perfeitos” e a “cultura da abundância”
Um estudo realizado por Camila Moraes na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), apontou caminhos para a redução do desperdício de alimentos entre fornecedores e supermercados.
Em entrevista à CNN Rádio, a pesquisadora afirmou que entre as principais causas – em seu trabalho, ela listou 27 delas – está a “falta de compartilhamento de informações”.
“Especialmente sobre a demanda. Não há previsão de demanda, com estimativa do quanto se vende e, quando há minimamente, não é compartilhado com o fornecedor. O produtor não sabe quanto vai plantar”, disse.
Outras duas causas para o desperdício, segundo a pesquisadora, são “os padrões estéticos dos alimentos” e “o manuseio incorreto.”
“Há pressão estética em frutas, verduras e legumes, e a natureza não nos proporciona isso. Há essa demanda do lado do consumidor, o supermercado cria esses critérios de recebimento e leva o problema para fornecedores”, afirmou.
Camila também destacou que o Brasil tem dois problemas culturais: essa pressão estética por alimentos “perfeitos” e a “cultura da abundância”, que não pensa em possíveis desperdícios.
Para mudar a situação, ela acredita que é necessária uma legislação rígida, a exemplo das que existem em países como Inglaterra, Itália, Suécia e Dinamarca, que obrigam os supermercados a ter “lixo zero”, sem qualquer desperdício de alimentos.
O trabalho de Camila Moraes é resultado de uma pesquisa de doutorado em Engenharia de Produção na UFSCar.
*Com produção de Bel Campos