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Jornal do Comércio (RS)

Estudo analisa preconceito no Brasil (1 notícias)

Publicado em 12 de abril de 2021

Por Da Redação

Visões generalistas colocam no mesmo grupo de “ nordestinos ” os que vieram do Piauí, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe e Bahia, quando o fato é que cada um desses “ povos traz consigo a história e a cultura peculiar de sua região ”. Pesquisa realizada pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (Each) da Universidade de São Paulo (USP) mostra que a palavra “ nordestino ” está impregnada de preconceito e de construções sociais que levam alguns brasileiros de outros Estados a enxergarem os migrantes do Nordeste como “ seres inferiores ”- crença totalmente infundada e que remete aos piores episódios de perseguição da história, tendo por base a ideologia eugenista de que supostamente a biologia poderia selecionar os “ melhores ” membros da raça humana. Expressões como “ cabeça chata ”, designação para má aparência; “ baiano ” ou “ paraiba ”, indicativos de que alguém fez algo errado; e “ mulher macho ”, para mulheres paraibanas ou nordestinas, que seriam desprovidas de uma idealizada “ feminilidade ”, são algumas das condenáveis alcunhas que lhes atribuem valor negativo nas metrópoles do Sul e Sudeste.

A pesquisa propõe uma reflexão sobre o assunto e a desconstrução dessa percepção generalista do migrante do Nordeste, fato que dificulta ainda mais a vida desse povo que muitas vezes deixou sua terra em busca de uma vida melhor. ” As migrações não devem ser estudadas apenas de um ponto de vista ou por uma via homogeneizadora porque os fluxos migratórios são sempre complexos, heterogêneos e diversos ”, afirma a pesquisadora Valéria B. Magalhães, coordenadora do Grupo de Estudo e Pesquisa em História Oral e Memória da Each e autora de um levantamento feito a partir de pesquisas sobre o tema, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). No levantamento, Valéria priorizou pesquisas feitas com entrevistas em profundidade, em especial as de história oral, método que vem estudando há vários anos. Segunda a pesquisadora, as entrevistas de história oral ajudam a detectar com mais precisão a complexa realidade social dos migrantes. Segundo a pesquisadora, visões generalistas colocam no mesmo grupo dos “ aqueles nordestinos ”, de maneira pejorativa, todos que vieram do Piauí, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe e Bahia.