O pacing (“ritmo”) tem sido considerado um aspecto importante para determinar o desempenho em diferentes modalidades esportivas. No judô, o pacing de um atleta é dado pelo número de ataques por minuto.
Segundo o pesquisador Emerson Franchini, da Escola de Educação Física e Esporte da USP, no treinamento do judô os atletas realizam simulações de luta em diferentes condições que podem afetar o pacing, especialmente quando a simulação é conduzida no fim da sessão, devido à fadiga acumulada. Franchini analisa o pacing no judô em seu trabalho com apoio da Fapesp, conduzido no Combat Centre do Australian Institute of Sport.
O pesquisador também coordena um estudo com apoio da Fapesp em que compara o gasto energético considerando a contribuição aeróbia e anaeróbia dos sistemas de transferência de energia, estimada por dois métodos distintos. Essa pesquisa é conduzida por Valeria Panissa e foi publicada na revista científica Frontiers in Physiology.
“O objetivo é entender como os atletas se comportam durante as competições, compreender o ritmo de seus ataques, as defesas e o controle das pegadas. Queremos ver se isso é afetado pelo nível de fadiga, por exemplo, de modo a que o atleta possa melhorar seu pacing ou como o pacing afeta o resultado de seu desempenho”, disse Franchini à Agência Fapesp.
Resultados do estudo indicam que os atletas de judô conseguem reorganizar seus comportamentos durante a luta – por exemplo, alterando o ritmo de ataques ao adversário – para lidar com os diferentes estados de fadiga a que foram induzidos nas sessões de treino.
Franchini constatou que os atletas, após a execução de dois blocos de exercícios com intervalo específico antes das lutas – situação que gerou maiores alterações na frequência cardíaca e concentração de lactato –, aumentaram o tempo de deslocamento sem contato com o adversário.
Ao longo da luta, a diferença entre o esforço dedicado às ações de alta intensidade e o esforço dedicado às ações de baixa intensidade diminuiu, indicando que os atletas prolongam as ações de baixa intensidade para preservar o número total de ataques e sua percepção de esforço.
“Novas intervenções, como diferentes tipos de treinamento e distintos processos de recuperação entre as lutas, podem ser exploradas, por exemplo, na tentativa de preservar a capacidade de disputar pegada, que é uma habilidade essencial durante a luta. Isso pode fazer com que o atleta apresente maior combatividade e aumente sua probabilidade de sucesso”, disse Franchini.
O pesquisador apresentou os resultados iniciais do estudo no 5th European Judo Research and Science Symposium & 4th Scientific and Professional Conference, ao ser convidado pela União Europeia de Judô e pela Faculdade de Cinesiologia de Zagreb (Croácia).
O evento contou com a participação não apenas de pesquisadores, mas também de treinadores de seleções nacionais. “Foi bastante interessante ter tido a oportunidade de discutir, após a apresentação, as potenciais implicações destes resultados com um dos treinadores da seleção russa de judô, que estava presente à exposição”, disse Franchini.
Agência Fapesp