O estudo de campo conduzido no campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista (Unesp) investiga o acúmulo de microplásticos em grandes crustáceos, especificamente nos camarões-de-sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri). O objetivo é avaliar os riscos ecológicos dessa poluição, bem como os possíveis impactos para a saúde humana devido à ingestão desses animais pela população.
A pesquisa, apoiada pela FAPESP no âmbito do Programa BIOTA, está sendo realizada em duas regiões com características ambientais contrastantes: a Baixada Santista, que inclui áreas industriais, portuárias e pesqueiras com grande impacto ambiental; e Cananéia, uma região menos alterada pela intervenção humana, localizada no litoral sul de São Paulo.
Os dados preliminares revelam que a presença de microplásticos foi identificada no trato gastrointestinal de aproximadamente 80% a 90% dos camarões avaliados até o momento. Embora a quantidade de partículas varie entre os locais, a alta porcentagem de animais contaminados levanta preocupações sobre as possíveis consequências a longo prazo para os consumidores e o meio ambiente
A pesquisa visa comparar como camarões de ecossistemas distintos respondem à exposição a microplásticos, considerando a bioacumulação dessas partículas nos organismos. Os camarões são considerados modelos ideais para esse estudo devido ao seu hábito detritívoro, que os expõe a grandes quantidades de microplásticos nos sedimentos marinhos.
Os microplásticos, partículas com menos de 5 milímetros de tamanho, representam a grande maioria dos detritos de plástico marinho e estão amplamente distribuídos no ambiente oceânico. Essas partículas podem ter sérias consequências para a vida marinha e, consequentemente, para os seres humanos que consomem frutos do mar.
Com base nessa preocupação, os pesquisadores buscam preencher lacunas de conhecimento sobre os níveis de contaminação por microplásticos nos camarões-de-sete-barbas pescados no litoral paulista. O estudo também avalia os possíveis impactos da contaminação por microplásticos na qualidade nutricional dos camarões, especialmente na musculatura, parte mais consumida pelos seres humanos.
Este estudo é crucial para compreender os efeitos da poluição marinha no Brasil e suas potenciais repercussões para a saúde pública, especialmente em um país onde o consumo de frutos do mar é expressivo. Além disso, a pesquisa aborda diferentes aspectos dos crustáceos decápodes, contribuindo para a compreensão de aspectos relevantes como conservação de espécies e ecossistemas e qualidade dos produtos consumidos pela população.
Informações da Agência FAPESP