Contribuir para o cultivo de samambaias (Dicksonia sellowiana) - ameaçadas de extinção - em estufas é o principal objetivo da tese de mestrado apresentada pela aluna do curso de Biotecnologia da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), Irene de Araújo Barros, 23 anos. O trabalho, sob orientação do professor João Lúcio de Azevedo, será somado aos estudos realizados pelo professor Hiroshi Ykuta, também da UMC, sobre a propagação vegetativa desta espécie, utilizando diversas técnicas como sombrite, alta umidade e plasticultura.
Com a aplicação das conclusões observadas no estudo, a proposta é conseguir reduzir o tempo de desenvolvimento da samambaia e, com a maior agilidade possível, devolvê-la às condições naturais. A espécie, de grande importância principalmente na Mata Atlântica de Mogi das Cruzes e Região do Alto Tietê, tem geralmente um crescimento lento, que leva de 50 a 60 anos para atingir o ponto de exploração e por isso, são consideradas impróprias para a comercialização.
Segundo Irene, a tese, que tem como título "Isolamento e Biodiversidade de Bactérias Endofíticas de Diksonia sellowiana e seu Potencial Biotecnológico", possibilita a descoberta e o desenvolvimento de produtos como fármacos, toxinas e degradadores de compostos químicos, entre outros.
"O estudo da microbiota endofítica dessa samambaia é de grande importância sob diversos aspectos, inclusive pelo fato que a constante degradação de plantas e as queimadas reduzem a biodiversidade não só das próprias plantas, mas dos microrganismos que habitam seu interior, que podem servir como auxiliares na preservação da espécie se forem selecionados processos de controle biológico de doenças e pragas que fatalmente surgirão em culturas em casas de vegetação", explica a bióloga formada pela UMC. Além disso, o isolamento de bactérias endofíticas - que vivem no interior das plantas e estimulam a produção dos hormônios de crescimento -, podem produzir um desenvolvimento acelerado da planta, visando o repovoamento das regiões onde ela se encontra em vias de extinção.
O orientador da tese, professor João Lúcio de Azevedo, também destaca a importância das pesquisas. "Elas representam grandes impulsos para a formação de mão-de-obra altamente especializada e contribuem em diversos segmentos, para a melhoria da qualidade de vida da população. O mercado hoje pertence àqueles que têm um curso de pós-graduação, muito exigido inclusive em concursos", completa.
Uma cópia do trabalho elaborado por Irene, financiado com recursos do Projeto Biota, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e aprovado por uma banca examinadora, foi encaminhada à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes), do Ministério da Educação, e outra ficará disponível para consultas na Biblioteca da UMC.
Notícia
O Diário (Mogi das Cruzes)