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Estimulação elétrica reduz risco de quedas em pessoas com Parkinson (23 notícias)

Publicado em 10 de fevereiro de 2025

Conhecida pelos tremores, a doença de Parkinson pode causar outros problemas, como favorecer quedas graves. Para reduzir o risco de acidentes, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista de São Paulo (Unesp) desenvolveram um novo tipo de tratamento envolvendo a estimulação elétrica transcraniana . No estudo, a terapia aplicada em oito sessões gerou resultados duradouros, melhorando a qualidade de vida dos indivíduos.

A técnica envolve a aplicação de uma corrente elétrica contínua, de baixa intensidade, para regular a atividade neural do paciente com Parkinson . A estimulação elétrica transcraniana já é adotada para alguns casos de depressão e de acidente vascular cerebral (AVC) . No entanto, os protocolos ainda estão em fase de aperfeiçoamento.

O estudo, publicado na revista Gait & Posture , indica um novo caminho terapêutico contra o Parkinson, ainda mais quando se analisam os efeitos práticos. Como a técnica é classificada como não invasiva , isso facilita a potencial adesão ao tratamento.

Como é estimulação elétrica transcraniana?

Entre os problemas comuns de pessoas com Parkinson, está a dificuldade em manter o equilíbrio e manter o controle postural em determinados ambientes . Esse conjunto de alterações faz com que o que seria um simples tropeço se torne uma grave queda. Para contornar a limitação, entra o promissor tratamento.

O método contra o mal de Parkinson consiste em modular o funcionamento dos neurônios através de um aparelho com dois eletrodos, capazes de gerar uma corrente elétrica de baixa intensidade . São aproximadamente 2 miliamperes . E toda a sessão dura cerca de 20 minutos.

Sendo mais específico, os eletrodos são fixados na cabeça, e a corrente elétrica é direcionada para uma área cerebral conhecida como córtex motor primário . Esta é associada à resposta postural e ao controle do movimento, duas habilidades desreguladas em pacientes com Parkinson (como mencionamos).

Com essa terapia, é aumentada a excitabilidade neuronal e, muito possivelmente, a atividade do córtex motor . De outra forma, "essa modulação permite facilitar a atividade neural para que, quando necessário, o cérebro dispare o que chamamos de potencial de ação [mecanismo necessário para comunicação entre neurônios e para contração muscular], fazendo com que aumente o número de disparos neurais nas áreas corticais e subcorticais envolvidas na recuperação da estabilidade e do equilíbrio postural”, explica Victor Beretta, coordenador do Laboratório de Neurociência e Comportamento Motor (Neurocom-Lab) da Unesp, para Agência FAPESP

Efeito da terapia para Parkinson

Na pesquisa realizada no campus Presidente Prudente da Unesp, foram recrutadas 22 pessoas com mal de Parkinson . Após as oito sessões de estimulação elétrica , os indivíduos apresentaram melhora no equilíbrio em caso de perturbação externa. Após um mês, os efeitos gerados ainda podiam ser observados.

Em média, os pacientes reagem mais rapidamente às perturbações , o que sugere melhora na automaticidade do movimento. A descoberta é relevante para pacientes com Parkinson, uma vez que a doença afeta a capacidade de realizar atividades automáticas. Oportunamente, a estimulação elétrica deve integrar o tratamento “comum” da condição.

Enquanto novas terapias para melhorar a qualidade de vida da doença sem cura conhecida, outros grupos de pesquisadores trabalham para facilitar o diagnóstico. Inclusive, o uso da Inteligência Artificial (IA) pode rastrear o quadro anos antes da situação se agravar.

Por Fidel Forato

Fonte: Agência FAPESP