O governo firmou acordo de cooperação com fundação de São Paulo para atuar em quatro linhas de estudos. Pernambuco vai gastar R$ 2 milhões em cinco anos, o mesmo valor do órgão paulista
O governo do Estado se comprometeu a investir R$ 2 milhões, em cinco anos, em pesquisas sobre mudanças climáticas globais. A decisão faz parte de acordo firmado anteontem, em São Paulo, entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe). De acordo com termo de cooperação, a Fapesp aportará volume igual de recursos.
Os editais serão baseados em quatro linhas de pesquisa. A primeira envolve o monitoramento do Oceano Atlântico Sul para detecção de alterações na temperatura, salinidade, correntes e fluxos à superfície. A segunda prevê estudos do ciclo de carbono oceânico, incluindo a acidificação (aumento da acidez) e seu impacto na vida marinha. A terceira diz respeito à modelagem de cenários projetando os impactos nos recursos hídricos do Semiárido para o próximo século em relação à agricultura, geração de energia e abastecimento. A última também está relacionada à projeção da elevação do nível do mar, especialmente no Recife, que divide com Rio de Janeiro e Fortaleza a lista das cidades mais suscetíveis.
O termo foi assinado pelos presidentes da Facepe, Diogo Simões, e da Fapesp, Celso Lafer, além do diretor científico da fundação paulista, Carlos Henrique de Brito Cruz. A destinação dos recursos será definida por comitê gestor da cooperação formada por representantes dos dois Estados, por meio do envio de projetos de pesquisa.
O objetivo é desenvolver programas científicos e tecnológicos cooperativos entre pesquisadores de instituições de ensino superior e de pesquisa, públicas ou privadas, de São Paulo e de Pernambuco.
“O acordo traz uma boa oportunidade de trabalhos em parceria entre pesquisadores de São Paulo e de Pernambuco. O estudo do tema das mudanças climáticas muito frequentemente requer equipes grandes, o que faz sentido juntar cientistas de vários Estados”, disse Brito Cruz à Agência Fapesp. Para Diogo Simões, o acordo permitirá o fortalecimento da previsibilidade dos impactos das mudanças do clima.
Os representantes da Facepe e da Fapesp também assinaram termo de cooperação que prevê o financiamento de pesquisa cooperativa, em nível mundial, em parceria com cientistas franceses, pernambucanos e paulistas, por meio da ANR, sigla em francês para a Agência Nacional de Pesquisa da França.
Nesse caso, a alocação de recursos aos estudos ocorrerá pelas três agências de fomento, metade pelas duas fundações nacionais e metade pela agência francesa, podendo totalizar R$ 8 milhões, dependendo das demandas dos projetos apresentados por pesquisadores dos dois países.
Pioneirismo
Segundo o presidente da Fapesp, Celso Lafer, a proposta tripartite é uma novidade. “Trata-se do primeiro acordo no Brasil que reúne duas fundações de amparo à pesquisa e uma instituição de pesquisa estrangeira, o que é um componente do processo de internacionalização dos esforços de pesquisa que a Fapesp tem procurado incentivar.”
A chamada pública de projetos de pesquisa para a contrapartida francesa será divulgada no site da ANR (www.agence-nationale-recherche.fr). Já o termo de cooperação entre Facepe e Fapesp está em www.fapesp.br/materia/5176.