Levantamento reúne evidências sobre biodiversidade de insetos, a partir de 45 pesquisas científicas e coleta de experiência de pesquisadores brasileiros da área 75 tendências são apresentadas, registradas ao longo de 11 anos, em média, para insetos aquáticos e 22 anos para insetos terrestres
Maioria das tendências levantadas aponta para redução no número de animais
Nos últimos dez anos, cientistas têm mostrado uma redução importante no número ou na diversidade de insetos no mundo, mas havia pouca informação sobre esse fenômeno no Brasil. Agora não mais: um estudo de pesquisadores da Unicamp e das universidades federais de São Carlos e do Rio Grande do Sul compilou informações que mostram, de maneira inédita, as alterações na biodiversidade dos insetos — e tendência de queda na quantidade de animais terrestres como borboletas, abelhas e besouros.
Para fazer isso, os autores reuniram evidências sobre biodiversidade de insetos encontradas em 45 pesquisas científicas que tinham investigado várias ordens desses animais no Brasil. Indo além, também conseguiram informações adicionais a partir de questionários enviados a cientistas brasileiros com muita experiência de pesquisa nesses grupos.
Como resultado, apresentaram 75 tendências registradas ao longo de 11 anos, em média, para insetos aquáticos e 22 anos para insetos terrestres — e a grande maioria aponta para redução no número dos animais. O trabalho, que teve apoio da FAPESP e do CNPq, será publicado nesta terça (23) no periódico internacional Biology Letters.
Para insetos terrestres, como borboletas, formigas e abelhas — essenciais para atividades agrícolas –, uma quantidade maior de estudos indicaram tendência de declínio populacional ou perda de diversidade de espécies. Já nos grupos aquáticos, o número de indivíduos ou de espécies permaneceu estável ou, em alguns casos, até aumentou.
As diferenças encontradas nos resultados sobre insetos terrestres e aquáticos, no entanto, escrevem os autores, devem ser reavaliadas em futuros trabalhos de campo. Isso porque os levantamentos sobre insetos aquáticos podem ter sido feitos em regiões já alteradas antes da amostragem. Ou seja: sua biodiversidade pode ter sido degradada antes mesmo dos estudos começarem.