A medicina regenerativa, área que promete revolucionar o tratamento de doenças incuráveis ou sem perspectiva de terapia, como mal de Alzheimer, Parkinson, diabetes, lesões cardíacas e da medula espinhal, ganhou um novo impulso. Uma equipe de cientistas sul-coreanos conseguiu produzir em laboratório, pela primeira vez, as chamadas células-tronco embrionárias (capazes de se replicar indefinidamente e de originar diversos tipos de tecidos de nosso corpo) a partir de um embrião humano clonado. O estudo foi publicado na revista científica "Science", em fevereiro,
O método de clonagem empregado foi a transferência de núcleo — onde está o material genético — de células somáticas, que são aquelas não reprodutivas e encontradas em todo o nosso corpo. A técnica é a mesma que já foi usada para clonar a ovelha Dolly e também camundongos (veja quadro). "Existem três grandes novidades nessa pesquisa em relação às outras tentativas em humanos. A primeira é o fato de terem sido usadas células 'cumulus', que ficam em volta dos óvulos, e que, por esse motivo, podem ter propriedades diferentes das outras células somáticas. Além disso, é a primeira vez que a transferência das células é feita na mesma mulher e que a célula somática é inserida inteira dentro do núcleo da germinativa, não só o seu núcleo, como nas outras tentativas", explica a geneticista Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano do Instituto de Biociências da USP.
Células-tronco também podem ser obtidas em diferentes tecidos de nosso organismo, são as chamadas células-tronco adultas. O problema é que elas não têm a mesma capacidade de diferenciação que as embrionárias. Estas podem ser multiplicadas em laboratório, sem perder a capacidade de se especializar, isto é, de se transformar naquelas que compõem os diferentes tecidos do organismo, como o do coração, da pele, do fígado, da medula etc.
Aplicar esse conhecimento à medicina regenerativa significaria poder programar as células-tronco embrionárias para substituir qualquer tipo de tecido destruído por doenças crônico-degenerativas e traumáticas. Apesar dos resultados animadores, os pesquisadores foram enfáticos ao anunciar que o sucesso só foi obtido após diversas tentativas e que, por se tratar de uma tecnologia recente, provavelmente ainda levará anos para ser utilizada pela medicina. Os cientistas também pediram a proibição da clonagem reprodutiva (que visa a criação de um novo humano) em todo o mundo. (Fernanda Colavitti)
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