Conferência dos Oceanos e Mudanças Climáticas: A Preparação para a COP30
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro em Belém, Brasil, irá se concentrar nas negociações globais sobre clima. Um evento crucial que antecede essa conferência é a Conferência dos Oceanos , agendada para junho em Nice, França, que abordará a inter-relação entre os oceanos e as mudanças climáticas.
David Obura, chairman da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), enfatizou que a conferência será um espaço importante para integrar diferentes convenções e garantir uma abordagem unificada às questões climáticas. Ele mencionou a necessidade de entender como os oceanos interagem com todos os aspectos das negociações climáticas.
Obura, que lidera a IPBES desde setembro de 2023, destacou que, embora seus estudos tenham se concentrado na costa leste da África, os desafios enfrentados pelos países africanos que fazem parte da bacia do Oceano Índico são semelhantes aos do Brasil. As discussões se concentram na interação humana com a natureza e na promoção da sustentabilidade.
Na COP26, realizada em 2021 em Glasgow, foi alcançada uma vitória significativa: todos os países concordaram em incluir as questões oceânicas nas discussões climáticas. Essa inclusão é vital, pois as mudanças climáticas impactam diretamente a biodiversidade, tornando essencial a proteção dos ecossistemas marinhos, incluindo os corais.
Os corais são considerados espécies-bandeira para a conservação dos oceanos. Obura ressaltou que a sua conservação é crucial para a saúde dos ecossistemas marinhos, servindo como indicadores visuais do risco que esses habitats enfrentam. A mensagem dos recifes de corais é poderosa e acessível, ajudando a conscientizar o público sobre a importância do ecossistema marinho.
Ele alertou que as mudanças climáticas representam uma ameaça crescente à biodiversidade. De acordo com o relatório de 2023 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, um aumento de 1,5 °C a 2 °C na temperatura global pode resultar em uma perda dramática de 70% a 90% dos corais, com um risco de até 99% de devastação se o aquecimento atingir 2 °C.
Obura enfatizou a necessidade urgente de ações imediatas, alertando que as decisões sobre as mudanças climáticas não podem ser postergadas. Em um debate subsequente, Paulo Artaxo, membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais, indicou que, no ritmo atual, a previsão é de um aquecimento de 4 °C a 4,5 °C até o final do século, um impacto devastador para a biodiversidade e para a humanidade.
O evento também contou com a presença de especialistas como Beatrice Padovani Ferreira e Regina Rodrigues, e foi mediado por Sabine Righetti, assessora da Coordenadoria Geral – Mídia Ciência da FAPESP.
Assista ao Evento
Você pode assistir ao evento completo da FAPESP em FAPESP.br/17506/contribuicoes-para-a-cop30-nexo-oceano-biodiversidade-e-clima
Informações da Agência FAPESP