A série de diálogos temáticos para o Século XXI promovida pela Habitat chega ao final hoje, depois de analisar a situação atual e sugerir soluções para os problemas relacionados a transporte, energia, democracia e cidadania, emprego, finanças e água nas cidades do futuro. O assunto de ontem foi Cidades, Comunicação e Mídia e reuniu um público de quinhentas pessoas, a maioria ligada ao mundo da informação. O diálogo foi patrocinado pelo grupo World Com, uma multinacional das Relações Públicas. As propostas resultantes do debate serão encaminhadas amanhã à Agenda Habitat que será votada no plenário da Conferência nos dias 12 e 13.
O diálogo sobre Comunicação e Média teve seu foco principal, como era de se esperar, nos efeitos da globalização da informação. Nos próximos dez anos as cidades serão a chave do progresso social e da sustentabilidade do ambiente e nelas a telecomunicação desempenhará um papel cada vez mais importante. Se não quisermos vir a reboque da globalização, temos de utilizá-la para modificar o sistema e melhorar a qualidade de vida, foi o desafio proposto pelo presidente da Elcatel Telekon, Lufti Yenel, responsável pelas telecomunicações na Turquia.
Segundo ele, em 2011 as redes de informação representarão o combustível alternativo da sociedade, eliminando, só em Istambul, 6 milhões de viagens diárias entre residências e escritórios e 9 milhões de quilômetros de fretes e correios. Ele afirma que as mudanças nesta área serão ainda mais rápidas do que vêm sendo feitas nos últimos anos e obrigarão as fornecedoras de equipamentos, cada vez mais, a se adaptar às exigências dos clientes. Disse também que os objetivos da indústria da informação não serão mais definidos por critérios da microeconomia, mas serão parte da discussão da macroeconomia, devido a sua contribuição para os PNBs e serviços sociais.
Uma das questões mais calorosamente discutidas durante o debate foi se os avanços tecnológicos da telecomunicação e a globalização da informação, em vez de aproximar, não contribuíram para aumentar ainda mais a defasagem entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento e, dentro destes, entre os diferentes grupos sociais.
Os representantes dos países pobres presentes ao encontro garantiram que a exclusão só tenderá a crescer, a não ser que se consiga utilizar os novos meios existentes para a educação e criação de novos empregos. Outros levantaram que a liberalização do mercado da informática tem fortalecido os cartéis e monopólios, pois as pequenas indústrias não têm como competir com os gigantes do mercado internacional, alertando para o fato de que a centralização é uma ameaça à democracia. As sugestões foram de que os governos regulamentem e não desregulamento em o mercado da informação.
O papel da sociedade organizada na democratização da informação foi destacado como fundamental por todos os expositores, já que vários deles lembraram que nenhum regime, até hoje, conseguiu controlá-la por muito tempo. A tomada de consciência das pessoas vai provocar novas soluções, saídas criativas, garantiu Bárbara Pyle, editora de meio ambiente da CNN, que fez uma das apresentações mais aplaudidas da reunião.
Notícia
Gazeta Mercantil