Com taxa de transmissão elevada desde a chegada da variante Ômicron, os casos de covid-19 em Ribeirão Preto podem ser ainda maiores do que os números contabilizados nos boletins epidemiológicos. Até nesta sexta-feira (28), a cidade confirmou 14.560 novos casos, é o mês com mais registro da doença desde o início da pandemia.
As subnotificações não são um problema de agora, mas aceleraram à medida em que a nova cepa tem alta transmissibilidade, somando ao fato de que o com o avanço da vacinação, as chances de agravamento da infecção, reduziram, e os pacientes acabam não buscando atendimento médico.
"Acredito que o esse número possa ser maior porque muitas vezes pessoas não estão procurando o
o serviço de saúde para fazer o diagnostico, muitas pessoas estão procurando as farmácias, fazendo testes por conta própria, e a gente não sabe muito bem se esses serviços privados estão notificando a vigilância epidemiológica", explica o infectologia Fernando Belíssimo.
Taxa de retransmissão
A taxa de retransmissão (Rt) do novo coronavírus na região de Ribeirão Preto está entre uma das maiores do estado de São Paulo, segundo levantamento realizado por pesquisadores da USP, Unesp e Fapesp.
Os dados mostram que a taxa está em 1,42, o que significa que 100 pessoas podem infectar outras 142.
Ribeirão é a quarta com maior Rt: está atrás apenas da região Sudeste da Grande São Paulo (1,48), Registro (1,57) e Araçatuba (1,61).
Casos graves da doença
O boletim epidemiológico divulgado nesta sexta-feira (29) pela Secretária Municipal da Saúde ainda confirmou 24 mortes entre 21 e 27 de janeiro na cidade, média de mais de três por dia. Janeiro já soma 39 mortes - pior mês desde setembro de 2021, que registrou 55 mortes.
Em relação a taxa de ocupação dos leitos de UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) e de enfermarias nos hospitais públicos e privados da cidade, segue alta na cidade neste sábado (29). Segundo o site leitoscovid.org, são 45 pacientes nas UTIs e 78 nas enfermarias, representando respectivamente 97,33% e 84,78% do total de vagas disponíveis.
"A grande maioria dos internados que estão abaixo dos 70 anos são pessoas que não fizeram a sua vacinaçãoou não completaram o seu portfólio de vacinação, ou seja ou seja não tomaram a segunda dose e nem a terceira em casos já de época de tomar a terceira dose", alerta o diretor da Fiocruz Rodrigo Stabeli.
O infectologista Fernando Belíssimo ainda acrescenta que embora o percentual de pessoas que sofra o agravamento dessa doença seja pequeno, nunca se sabe quando e em quem vai agravar. "Nos Estados Unidos por exemplo estão explodindo internações por crianças não vacinadas, crianças saudáveis, então é meio que uma roleta russa dizer: vou pegar para me livrar da doença, você pode acabar se agravando, precisar de internação e até morrer", finaliza.
Ribeirão tem uma das maiores taxas de retransmissão do novo coronavírus, diz pesquisa - Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil