De olho no desafio de minimizar os impactos ambientais de embarcações utilizadas na cadeia petrolífera, um membro do IEEE, maior organização profissional dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade, Mauricio Salles, participa da liderança de um projeto voltado à diminuição das emissões de CO2 em navios tipo PSV (Platform Supply Vessel). O projeto também avalia como se obter uma melhor eficiência energética nessas enormes embarcações, que chegam a ter 100 metros de comprimento, e que são usadas no apoio logístico e no transporte de mercadorias, equipamentos e pessoas para as plataformas de extração de petróleo e gás em alto mar.
O especialista ressalta que o transporte marítimo já representa impressionantes 2% das emissões globais de CO2. O projeto conduzido, contudo, comprovou que é possível obter até 8,7% na redução de emissões de CO2 quando os motores auxiliares a diesel já existentes nessas embarcações são aliados ao uso de baterias de íons de lítio.
“Analisamos o potencial que a implementação de baterias de íons de lítio tem nessas plataformas”, comenta Salles. Foram avaliados os impactos de várias características das baterias, como eficiência de ida e volta, potência nominal e capacidade de energia.
Segundo o especialista, que é professor doutor da Escola Politécnica da USP, pesquisador do RCGI e um dos fundadores do Laboratório de Redes Elétricas Avançadas (LGrid), o sistema de armazenamento de energia pode, inclusive, ser instalado dentro de um contêiner, no convés das embarcações. A diminuição das emissões de CO2 é bem-vinda, principalmente, na região dos portos, onde há grande concentração de pessoas e de embarcações que usam motores a diesel. Nesses casos específicos, quando há baixa demanda de produção de energia, as reduções de CO2 obtidas com a adoção dessas baterias de lítio variaram entre 34,6% e 47%.
Salles informa que o trabalho abrangeu simulações feitas com o software HOMER (Modelo de Otimização Híbrida para Múltiplos Recursos Energéticos) e contou com a colaboração de pesquisadores do RCGI (Centro de Pesquisa para Inovação em Gás) e do GeePs (ou Grupo de Engenharia Elétrica), da Universidade de Paris-Saclay.
O pesquisador ressalta, ainda, a importância que cooperação com os pesquisadores do Tanque de Provas Numérico da USP (TPN, laboratório desenvolvido pela parceria entre a USP e a Petrobras) tem para que análises de emissões sejam incluídas em simuladores de manobras e de propulsão de navios.
O RCGI – Centro de Pesquisa para Inovação em Gás - é um centro mundial para estudos avançados no uso sustentável de gás natural, biogás, hidrogênio, bem como em gestão, transporte, armazenamento e uso de CO2. O centro, baseado na Universidade de São Paulo, é fruto de parcerias com FAPESP e Shell no apoio de pesquisa científica de alto nível para o desenvolvimento do setor de energia.
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