Imagens sacras, que aparecem repentinamente em vidraças, não passam de um fenômeno físico-químico que qualquer vidro pode sofrer. Em artigo na revista da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) de setembro, o pesquisador e especialista em tecnologia de vidros Edgar Dutra Zanotto desmitifica o suposto milagre.
A explicação para a aparição da "santa do vidro" na janela de uma casa em Ferraz de Vasconcelos, cidade da Grande São Paulo - que virou um ponto de peregrinação e oração desde o início de julho -, é puramente científica.
O especialista explicou que a maioria dos vidros são compostos de óxidos de sílicio (sílica), sódio, potássio, cálcio, magnésio e alumínio, além de elementos minoritários e impurezas. Os óxidos de sódio e potássio são os responsáveis pela corrosão e conseqüente aparição das manchas multicoloridas e arredondadas.
O contato do vidro com soluções aquosas resulta em trocas lentas e graduais entre os íons do sódio e do potássio e os do hidrogênio, que compõem a água. Os elementos liberados na reação dissolvem-se na superfície do vidro, corroendo-a e formando uma camada rica em sílica e cheia de microporos. O acúmulo dos elementos corrosivos contribui para o aumento do pH (acidez)da solução aquosa, desestruturando a composição química original do vidro. Com isso, podem surgir as manchas 'sagradas'.
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