O ministro da Educação, Paulo Renato Sousa, anunciou ontem, em cadeia de rádio e TV, a exclusão de 263 livros didáticos do catálogo da Fundação de Assistência ao Estudante (FAE), que se destinam a alunos da 1ª à 4ª série. Os livros, segundo o ministro, contêm "erros grosseiros".
Ministério da Educação veta 263 livros
ELIANA LUCENA
Obras com erros e excluídas do catálogo da FAE, mas já distribuídas às escolas, terão erratas no segundo semestre.
Brasília - O ministro da Educação, Paulo Renato Sousa, quer que as editoras de livros didáticos que foram excluídos do catálogo da Fundação de Assistência ao Estudante (FAE) para 1997, mas que ainda continuam sendo adotados este ano, preparem erratas para serem enviadas às escolas no segundo semestre. Ontem, o ministro fez pronunciamento em cadeia de rádio e TV para divulgar a lista dos 263 livros excluídos e anunciou que no próximo ano o MEC vai adotar critérios ainda mais rígidos na avaliação dos livros que a FAE distribui para as escolas públicas. "Me revolta a desconsideração de algumas editoras, especialmente com os alunos da rede pública", desabafou o ministro, ao apontar erros grosseiros que foram encontrados na análise mais apurada do conteúdo dos livros destinados aos alunos de 1a à 4a série.
Dos 1.159 livros inscritos pelas editoras para a compra que será feita pela FAE para o próximo ano letivo, 821 acabaram incluídos no catálogo. Do total de inscritos, 75 foram cortados no ato de inscrição, porque eram paradidáticos. Outros 183 foram cortados pela própria FAE, a partir de uma avaliação pouco aprofundada que levou em conta critérios como diagramação inadequada, mapas ou informações desatualizadas, livro multisseriado ou livro consumível.
Análise - Os livros dirigidos ao ensino de 1ª à 4ª séries, pela primeira vez, foram submetidos a uma análise de conteúdo pelo Centro de Pesquisa de Ensino e Cultura, em convênio com o MEC. Dos 143 livros analisados, 80 foram excluídos. Os 63 incluídos na lista para 97 receberam 1 ou 2 estrelas no catálogo que já chegou às escolas. Segundo o ministro Paulo Renato, 45% dos pedidos de livros que já retomaram dos estados envolvem livros recomendados na lista. Do total de 1.159 livros inscritos de 1ª à 8ª séries, 821 foram incluídos no catálogo.
O ministro adiou por quase dois meses o anúncio dos livros que foram cortados da lista da FAE. Mesmo pressionado a divulgar a lista, logo que anunciou o catálogo para 97, Paulo Renato justificou que o MEC queria, antes, mostrar às editoras os problemas apontados pelos educadores.
O MEC não tem condições de substituir ainda este ano os livros que serão excluídos no próximo ano. "Alguns livros apresentam tantos problemas que será difícil para as editoras preparar uma errata até agosto. Há casos, no entanto, de modificações mais simples que poderão ser feitas em dois meses", acredita.
O ministro anunciou que no próximo ano a análise de conteúdo feita nos livros destinados ao ensino de 1ª à 4ª séries será ampliada até à 8ª série. "Não dá para mudar tudo de uma vez. Para 96, conseguimos retirar 200 títulos e para 97, mais 263. O que existia de pior já está excluído", garante Paulo Renato.
A secretária do Ensino Fundamental do MEC, Iara Prado, adiantou que em agosto técnicos do ministério irão sé encontrar com os editores para discutir os critérios que devem ser usados na reformulação de livros.
Notícia
Jornal do Brasil