Notícia

O Diário (Mogi das Cruzes)

Equilíbrio dos bens naturais é desafio

Publicado em 02 abril 2003

Por Rosely Aparecida Liguori Imbernon
A sustentabilidade evolucionária do planeta Terra depende do equilíbrio entre o meio físico ou abiótico (hidrosfera, atmosfera e pedosfera) e o meio biótico (fauna e flora), o que se mantêm em função do equilíbrio dinâmico entre os sistemas naturais. O Homem, entretanto, não se insere em nenhum destes sistemas. Em função da sua habilidade em interferir no meio ambiente e modificá-lo para sua sobrevivência, cria um meio artificial, o meio antrópico, e suas ações acabam por causar desequilíbrios nos meios naturais. A História mostra que o desenvolvimento de uma legislação ambiental em todos os países acompanhou, embora de forma dispersa, a realidade da sociedade de massa, particularmente a partir do século XVIII e início do século XIX. Entretanto, o último século destacou-se pelos eventos globais, que simbolizaram a crescente preocupação da humanidade com o destino do planeta, em função da ação antrópica no meio ambiente. No Brasil, a última década do século passado e o início desse século, caracterizaram-se por uma crescente preocupação com a defesa do meio ambiente. Independentemente da ideologia política, a necessidade de manter-se o equilíbrio ambiental tornou-se um objetivo único. Neste ano, a Organização das Nações Unidas -ONU, através do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA, propôs a todos os seus membros que buscassem refletir e discutir a questão da água, decretando o "Ano Internacional da Água Doce". Em todos os cantos do planeta Terra, que é recoberto em sete décimos de sua superfície por água, debates, projetos, pesquisas, enfim, o mundo estará discutindo esse composto químico ímpar que nos diferencia de todos os demais planetas do sistema,. A importância da água para a vida nos mostra a necessidade da manutenção da qualidade ambiental em áreas de mananciais, afinal, a contaminação ou o mau uso desta pode gerar conseqüências desagradáveis, quando não irreversíveis. Tais conseqüências podem prejudicar o Homem como a contaminação da água por esgoto e agrotóxicos. De acordo com o relatório da Agenda 21, cerca de 80% das doenças e pelo menos 1/3 das mortes nos países em desenvolvimento estão associados à água. A valorização dos recursos hídricos, entretanto, enfrenta atualmente a referência disponibilidade versus utilidade. Embora a água, como recurso natural, seja considerada como um bem livre e de usos múltiplos, a preservação da qualidade ambiental de áreas de mananciais coloca-se como prioridade na gestão de bacias hidrográficas. A Sociedade Civil tem papel importante neste cenário, e a participação cada vez mais crescente de organizações não governamentais nos Comités de Bacia Hidrográfica é reflexo de que a questão da qualidade da água se destaca tanto quanto aquelas relacionadas à quantidade da água. O Ano de 2003, Ano Internacional da Água Doce, deverá ser o ano da mobilização internacional pela socialização da água, e cada segmento da sociedade tem um papel importante na recuperação, na preservação ou na manutenção da qualidade ambiental de nossos mananciais. * Rosely Aparecida Imbernon é professora do Núcleo de Ciências Ambientais da UMC.