Os estudos de combate ao novo coronavírus avançaram muito desde que a doença chegou ao Brasil e pesquisadores se debruçaram sobre o tema. A mesma tecnologia que permitiu que duas mulheres sequenciarem o vírus 48 horas após a confirmação do caso no país também oportuniza monitorar a epidemia em tempo real.
A sequência completa do genoma viral, que recebeu o nome de SARS-CoV2 foi divulgada por pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz e das universidades de São Paulo (USP) e de Oxford (Reino Unido). Ester Cerdeira Sabino e Jaqueline Goes de Jesus foram as grandes responsáveis pelos estudos. “ Ao sequenciar o genoma do vírus, ficamos mais perto de saber a origem da epidemia.
Sabemos que o único caso confirmado no Brasil veio da Itália, contudo, os italianos ainda não sabem a origem do surto na região da Lombardia, pois ainda não fizeram o sequenciamento de suas amostras. Não têm ideia de quem é o paciente zero e não sabem se ele veio diretamente da China ou passou por outro país antes ”, disse Ester Sabino, que é diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP. A especialista explica que a sequência brasileira é muito semelhante à de amostras sequenciadas na Alemanha no dia 28 de janeiro e apresenta diferenças em relação ao genoma observado em Wuhan, epicentro da epidemia na China. “ Esse é um vírus que sofre poucas mutações, em média uma por mês. Para entender como está ocorrendo a disseminação e como o vírus está evoluindo é preciso mapear o genoma completo ”, reforçou.
Esse monitoramento, segundo ela, permite identificar as regiões do genoma viral que menos sofrem mutações — algo essencial para o desenvolvimento de vacinas e testes diagnósticos. “ Caso o teste tenha como alvo uma região que muda com frequência, a chance de perda da sensibilidade é grande.
[ ...] Por meio desse projeto foi criado uma rede de pesquisadores dedicada a responder e analisar dados de epidemias em tempo real. A proposta é realmente ajudar os serviços de saúde e não apenas publicar as informações meses depois que o problema ocorreu ”, contou Ester Sabino à Agência Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).