Estado registra mais de 58 mil casos confirmados e 27 mortes; especialistas alertam para risco de aumento em 2025
Atualmente, cerca de um quarto dos municípios do estado de São Paulo enfrenta uma epidemia de dengue , conforme revelado pelo Painel de Arboviroses da Secretaria Estadual da Saúde (SES) . De acordo com dados coletados entre 1º de janeiro e o meio-dia do dia 4 deste mês , foram confirmados 58.695 casos da doença no estado, resultando em 27 mortes . Além disso, há 64.794 casos sob investigação, juntamente com 177 óbitos
A SES informou que atualmente 51 cidades possuem decretos de emergência em vigor devido à dengue , e um total de 161 municípios estão classificados como em epidemia , representando aproximadamente 24,9% do total
Conforme as definições da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde a epidemia é caracterizada quando a taxa de incidência ultrapassa os 300 casos por cada 100 mil habitantes . Para determinar essa taxa, é necessário multiplicar por 100 mil o número de novos casos e dividir pelo total da população na área analisada . Esse coeficiente fornece uma estimativa do risco de infecção entre os moradores locais e a probabilidade de novas ocorrências
Dentre os municípios afetados, Santa Salete , localizada a 601 km da capital paulista , destaca-se com o maior coeficiente de incidência: 6.117,50 casos por 100 mil habitantes . Outras cidades com altos índices incluem Santana da Ponte Pensa (5.804,91), Turmalina (5.609,76) e Glicério (5.166,50)
Na cidade de São José do Rio Preto , situada a 438 km de São Paulo quatro pessoas perderam suas vidas devido à dengue , enquanto o município registrou 5.651 casos, resultando em uma incidência de 1.164,30
Por outro lado, na capital paulista, a incidência permanece relativamente baixa, com apenas 24,8 casos para cada 100 mil habitantes . A cidade acumula até agora 2.835 casos confirmados e investiga outros 664 casos junto a dez mortes
Atualmente, os sorotipos do vírus da dengue que circulam no estado são os tipos 1, 2 e 3 , sendo os tipos 1 e 2 os mais prevalentes
O diretor nacional de Infectologia da Rede D'Or e ex-secretário estadual da Saúde de São Paulo, David Uip, expressou preocupação quanto ao futuro imediato . Ele prevê que o cenário não é encorajador e que o ano de 2025 poderá ser marcado por números alarmantes semelhantes aos registrados em 2024
“No ano passado, a dengue deixou de ser uma doença sazonal para se tornar uma ameaça constante ao longo do ano. Se continuarmos a ver a mesma circulação do sorotipo atual entre a população já parcialmente imunizada, isso poderá resultar em um aumento significativo nos casos” , afirmou Uip.
O vírus da dengue possui quatro sorotipos diferentes . Quando um indivíduo contrai um deles, desenvolve imunidade contra aquele específico ; no entanto, ainda pode ficar suscetível aos outros sorotipos . O sorotipo 3 é menos comum e a maior parte da população ainda não apresenta imunidade contra ele
Uip explica que a segunda infecção pela dengue aumenta em cerca de 10% as chances de desenvolvimento de formas graves da doença . A vacina atualmente disponível oferece maior proteção contra os sorotipos 1 e 2 . A pesquisa para desenvolver vacinas que cubram todos os sorotipos costuma ser demorada devido à necessidade de ter uma epidemia envolvendo todos eles
No momento, não há uma vacina amplamente disponível para toda a população ; atualmente, somente indivíduos na faixa etária entre 10 e 14 anos podem se vacinar com o produto Qdenga desenvolvido pela farmacêutica Takeda
Além disso, o Instituto Butantan está trabalhando em uma vacina que ainda aguarda avaliação pela Anvisa . Se aprovada, a Butantan-DV será a primeira vacina no mundo aplicada em dose única contra a dengue transmitida pelo mosquito Aedes aegypti . Essa inovação é esperada para facilitar a imunização da população local , considerando que muitas pessoas não retornam para completar o esquema vacinal existente que requer duas doses
A dengue é uma arbovirose transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que prolifera em ambientes com água parada . As condições climáticas quentes e chuvosas favorecem sua reprodução . Assim sendo, espera-se que o pico dos casos continue até meados de abril deste ano . Além das iniciativas governamentais em várias esferas administrativas é essencial que a população mantenha vigilância constante para combater essa doença