No universo das instituições de pesquisa brasileiras nem todas vivem o problema do aumento da idade média de seus cientistas.
Há pelo menos duas exceções. São elas a Fundação de Amparo à Pesquisa de SP (Fapesp) e a Embrapa. Nelas, ao contrário do que ocorre na maioria das outras, a idade média tem diminuído.
Na primeira, a porcentagem de pesquisadores com mais de 50 anos caiu de 19,29% para 14,33% do total, de 1995 a 2002. Na segunda, os dados disponíveis mostram que a idade média caiu 5 anos nos últimos 4 anos, passando de 52 para 47 anos.
'Conseguimos esse feito porque temos mantido o nosso quadro de pesquisadores fixo', explica Geraldo Eugênio de França, superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa.
De acordo com ele, hoje a Embrapa tem 2.206 cientistas. 'Temos uma política de manter esse número', diz França.
'Sempre que algum se aposenta ou sai, é substituído.' Como conseqüência dessa política, a maioria dos pesquisadores da empresa, 58%, tem menos de 50 anos - 24% têm menos de 40% e 34%, de 40 a 50 anos.
Para França, essa política tem contribuído para os bons resultados obtidos pela Embrapa em suas pesquisas. 'A média de idade de nossos pesquisadores está dentro da faixa na qual os cientistas estão no auge de sua produção, que é de 45 a 55 anos', explica.
No caso da Fapesp, seu diretor científico, José Fernando Perez, diz que há três razões para a idade média dos pesquisadores que a instituição financia ter caído nos últimos sete anos.
'A primeira delas é que temos uma política muito forte de valorizar o jovem cientista', explica. 'Temos até um programa específico de financiamento para eles, o Jovem Pesquisador em Centros Emergentes.'
De acordo com Perez, a Fapesp financia tudo, desde equipamentos até o material de consumo. 'Além disso, para aqueles que ainda não são contratados de alguma instituição, damos bolsa', diz.
'Por isso, esse programa tem recebido muitos elogios de pesquisadores e instituições estrangeiros. Eles aprovam sua importância estratégica, como um instrumento para evitar a fuga de cérebros do Brasil.'
Um programa agressivo de bolsas de pós-doutorado é a segunda razão da queda da idade média dos pesquisadores financiados pela Fapesp. 'Temos atualmente 820 bolsistas neste programa, numa faixa etária de 28 a 38 anos', diz.
'Essas bolsas podem durar até quatro anos. Elas são muito importantes porque esses pós-doutorando, nessa faixa etária, são os motores da pesquisa do Brasil.'
A terceira razão é a política de valorizar a continuidade da formação dos cientistas. 'Nossas bolsas de mestrado vão para os recém-graduados e as de doutorado para os que acabaram de fazer o mestrado', diz.
'Assim como as de pós-doutorado são destinadas aos jovens doutores.' (E. S.)
(O Estado de SP, 2/5)
JC e-mail 2515, de 03 de Maio de 2004.
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