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ABM Brasil - Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração

Engenheiros da USP criam peças cerâmicas com TVs e computadores antigos

Publicado em 27 abril 2021

Pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um novo esmalte para revestimentos cerâmicos feito com o vidro das telas das TVs de tubo e de monitores de computadores antigos.

Além de ser uma nova opção de reciclagem para o lixo eletrônico, a nova receita para os esmaltes cerâmicos tem o processo de produção mais barato e rápido em comparação ao convencional encontrado no mercado e ainda consome menos energia.

A pesquisa foi realizada em colaboração com a Superintendência de Gestão Ambiental da USP, do Recicl@tesc e do Centro de Ensino, Pesquisa e Inovação em Vidros (CeRTEV), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão ( CEPID ) da Fapesp sediado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Os cientistas criaram uma nova receita para os esmaltes cerâmicos, que normalmente são compostos de pó de argila, pó de caulim e pó de frita, a matéria-prima mais cara na produção do esmalte, usada para dar liga no produto após a queima.

Os autores da pesquisa substituíram 20% da frita pelo vidro do painel dos equipamentos, um dos três diferentes tipos de vidro que compõem os tubos de aparelhos televisores e monitores, e, assim, encontraram uma finalidade para esse resíduo que antes poderia poluir o meio ambiente, pois o tubo não desmontado corretamente carrega substâncias tóxicas.

Eduardo Bellini Ferreira, professor da EESC e coordenador da pesquisa, explica que o esmalte cerâmico é o responsável por proteger as peças, sejam elas um azulejo, uma caneca ou um vaso sanitário.

“O esmalte tem funções técnicas e estéticas. Ele impermeabiliza e dá durabilidade à peça. Se a cerâmica não for esmaltada, ela vai sugar qualquer líquido que entre em contato. Além de manchar o produto, é muito anti-higiênico”, afirmou Ferreira.

Para chegar à inovação, os pesquisadores testaram diferentes quantidades de vidro reciclado no lugar da frita até encontrar o ponto ideal. Eles contaram com a ajuda de ferramentas computacionais que calculam as propriedades das composições baseadas em milhares de dados encontrados na literatura científica.

Depois de produzir a substância para substituir a frita nos laboratórios da USP, o novo esmalte foi testado em parceria com o Centro Cerâmico do Brasil, localizado em Santa Gertrudes (SP). Lá, a solução foi aplicada em cerâmicas simulando um processo industrial.

O professor da EESC conta que não é simples reciclar os vidros encontrados em tubos de TVs antigas e monitores de computadores, já que na composição destes aparelhos há substâncias tóxicas. “Não é qualquer pessoa que pode abrir este tipo de equipamento”, ressaltou.

O novo esmalte pode ser vendido tanto para produtores de frita como para fabricantes de esmalte

Fontes: Boletim Fapesp Pesquisa para Inovação (https://pesquisaparainovacao.fapesp.br/) / Jornal da USP