Durante um MBA na Inglaterra, o engenheiro de computação formado pela Unicamp, Makoto Ikegame conheceu uma ideia de negócio que o interessou: uma empresa americana que vendia armações de óculos por meio de uma jornada totalmente digital. Na época, Ikegame já tinha o desejo de empreender no setor de saúde com alguma solução tecnológica e atuava no laboratório do curso que buscava empresas para investimentos. Esse momento foi o embrião da Lenscope , empresa que surgiu há seis anos e tem como objetivo a venda online de lentes de alta qualidade a um preço menor do que o praticado pelo mercado tradicional.
Makoto Ikegame, cofundador da Lenscope, uniu lentes de resina japonesas à inteligência artificial desenvolvida no Brasil para vender óculos com preço competitivo (Foto: Divulgação/Lenscope)
"Nunca tinha atuado com isso, apesar de usar óculos , eu era um outsider. E como outsider, achava que o problema do público era encontrar armações bacanas e acessíveis", conta sobre a primeira empresa que teve, a Hatsu, que tinha como foco armações produzidas no Japão e comercializadas virtualmente no Brasil. Fundada em 2013, a Hatsu teve sucesso, mas Ikegame percebeu que o negócio entrou no setor de moda e eyewear, e não de soluções em saúde, como ele almejava.
Em 2016, a empresa virou a Lenscope, que tem um modelo de negócios baseado na inteligência artificial com foco na venda das lentes mais avançadas da atualidade, segundo o empresário. "Descobri que o principal problema não é a armação, há muitas legais e baratas. O problema é a lente. E a questão fica mais complicada se a pessoa tem vários problemas de visão", conta. A Lenscope tem como cofundadora a empresária Adriana Bragatin.
No site da Lenscope, o cliente realiza a compra das lentes, podendo enviar uma armação sua à empresa ou comprar uma nova no site também. "Substituímos a inteligência do consultor ótico com a tecnologia. Temos uma ferramenta que lê o formato do rosto, outra em que o cliente pode inserir o seu grau. Tudo isso visa passar ao consumidor final um conhecimento que só estaria no consultor. Oferecer essa solução em escala e de forma digital reduziu muito o custo da experiência", diz o empresário.
Ele explica que o consultor ótico é um dos profissionais mais caros do varejo , por conta da especificidade do trabalho. Além disso, o empreendedor também atribuiu o alto custo das óticas à necessidade de atuarem em pontos movimentados (e mais caros) como shoppings e ruas disputadas comercialmente.
Atualmente, a empresa tem 22 funcionários. Em 2021, o faturamento da Lenscope girou em torno de R$ 3 milhões. A healthtech afirma estar crescendo em média 10% ao mês.
O empresário diz que os preços praticados pela Lenscope são de 40% a 70% menores do que os das óticas tradicionais. Ikegame se orgulha de vender as lentes japonesas de resina, que, segundo ele, são as mais finas do mundo. "O Japão tem o melhor material para quem tem alto grau. Pegamos a matéria-prima e fazemos o recorte e a lapidação das lentes no Brasil com laboratórios habilitados", explica.
Lenscope faturou R$ 3 milhões no ano passado (Foto: Divulgação/Lenscope)
Salvar
"Vi um vídeo de um cliente que mora em Natal (RN). Ele tem sete graus de miopia e um de astigmatismo . As lentes sairiam R$ 1,4 mil numa loja, e na Lenscope não chegaram a R$ 900, sendo bem mais finas do que suas lentes anteriores", afirma.
A empresa já teve apoio da Fapesp e da Samsung no desenvolvimento de suas tecnologias. "Para a Lenscope, criamos ferramentas novas que ainda não existiam. No começo, nosso trabalho era manual. Em 2018, com as pesquisas, conseguimos automatizar o sistema com machine learning", conta Ikegame.