Artesãos e cooperativas de reciclagem de papel vão poder contar com um facilitador do processo - um secador para produção em pequena escala. Com baixo custo e podendo se adequar a diferentes demandas de consumo, o equipamento ainda reduz o impacto causado pelo corte de árvores para obtenção de celulose, matéria-prima do papel.
Nas grandes indústrias de papel, a secagem da celulose é, em geral, feita com secadores automatizados. Já nas microempresas de reciclagem, depois de picar e moer o papel, a massa obtida é aplicada em telas que são secas com a ajuda do vento e do calor do Sol. Segundo Sandra Cristina dos Santos Rocha, engenheira química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), esse processo tem várias limitações. Além dos artesãos não poderem trabalhar em dias de chuva, variações de clima e umidade relativa do ar interferem na qualidade da folha produzida. Diante dessas dificuldades surgiu a idéia do secador, objeto da pesquisa de doutorado de Melissa Gurgel Adeodato Vieira, orientada por Sandra.
O secador é uma caixa metálica com uma câmara por onde passa o ar aquecido. Nessa câmara há uma abertura com compartimentos para o encaixe das telas onde é disposta a polpa de celulose. Assemelhando-se a uma torradeira, o aparelho é composto por módulos que fazem com que o secador possa ser ampliado ou reduzido conforme o interesse. É possível também ajustar a velocidade e a temperatura do ar, aspectos que interferem nas características do papel produzido.
Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o secador de papel já está em processo de pedido de patente. O projeto de implantação do aparelho ocorrerá no segundo semestre deste ano, em um hospital psiquiátrico em Campinas, São Paulo, onde há uma oficina de reciclagem de papel para os pacientes. Sandra acredita que a transferência da tecnologia para microempresas, grupos de artesãos e cooperativas de reciclagem terá importante impacto social.
- A fibra virgem da celulose extraída das árvores exige mais energia para a confecção de papel do que o seu reaproveitamento. Com esse aparelho, a prática de reciclagem por pequenas empresas pode começar a competir com o papel industrializado — afirma.