São Paulo - Entre as dezenas de projetos em desenvolvimento na incubadora do Cietec, na Universidade de São Paulo, um dos mais citados como promissor pelo gerente da entidade, Sérgio Risola, é um gerador de eletricidade alimentado por células de hidrogênio, da Electrocell. A razão é que se trata de uma nova forma de energia limpa, que vem sendo pesquisada em todo o mundo para movimentar automóveis. O motor (elétrico) movido a hidrogênio não libera gases, mas água pura. Um dos sócios da Electrocell, o engenheiro-químico Gerhard Ett, explica que atual-mente trabalha para reduzir os custos desse gerador, pois essa tecnologia ainda é cara. "O gerador ainda é protótipo, nossa meta é reduzir o preço para US$ 1,5 mil o kilowatt (KW)".
Hoje, segundo ele, um gerador de 50 KW, suficiente para acender 500 lâmpadas, custa US$ 75 mil. Mas ele observa que já chegou ao custo, por KW, de instalação de uma hidrelétrica, considerado um grande progresso.
Apesar disso, a Electrocell já está comercializando os protótipos. Um deles está em fase de montagem e ficará em testes na Eletropaulo. Tem gente interessada em estar na ponta tecnológica", conta Ett, que estuda o tema desde 1991 e chegou à incubadora há três anos, depois de terminar um curso de mestrado.
Gerhard Ett e seus sócios - das áreas de física, mecânica e elétrica - já têm um plano para se jogar no mercado, mas ainda precisa reduzir em 50% o valor do investimento. Um dos problemas segundo ele, é que alguns componentes das células são importadas, o que torna o produto mais caro. O
O plano da Electrocell é produzir 1.200 células de combustível por ano, o que resultaria num faturamento de US$ 90 milhões. Ett diz que já existem empresas interessadas em investir no projeto. Para ele, a alternativa é obter financiamento do BNDES.
Negócios
O químico Nilton Pereira Alves é outro desses "gênios" abrigados nas incubadoras. Sua empresa, a Quimlab, um laboratório de metrologia química, produz padrões químicos destinados à calibração de equipamentos que medem, por exemplo, índices de contaminação, o valor do PH de líquidos e alimentos.
Embora seja de difícil compreensão, o negócio é tão promissor que a empresa recebeu este ano o prêmio de melhor do ano da Amprotec, a associação que reúne as encubadoras no Brasil. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) liberou R$500 mil para financiar suas pesquisas e a Petrobras já utiliza seus produtos.
Outro produto interessante é o prego líquido, da engenheira química Wang Shu Chen, da Adespec. É uma cola sem solventes ou substâncias tóxicas, super-resistente e 100% nacional. O produto já está sendo usado na construção civil, pois serve para pregar praticamente tudo.
Também estão em desenvolvimento as empresas Koller&Sindicic, que produz um telefone residencial para deficientes auditivos, e a Coll Projetos, que lançou uma máquina capaz de passar 12 peças de roupas de uma só vez, em 40 minutos, com economia de 65% na eletricidade. A responsabilidade social é uma das marcas das incubadoras de empresas, garantem o superintendente do Sebrae-SP José Luiz Ricca, e o gerente do Cietec, Sérgio Risola. "Todas têm uma ong (organização não governamental) interna", diz Risola.
Notícia
O Diário (Mogi das Cruzes)