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O Liberal (Americana, SP) online

Energia elétrica gerada em casa

Publicado em 21 janeiro 2012

Criar um instrumento para geração de energia elétrica limpa e renovável, com baixo custo em longo prazo, ao alcance da utilização em residências e pequenos imóveis.

Esses são os ingredientes da invenção desenvolvida pelo americanense Jonas Rafael Gazoli, engenheiro elétrico pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) com mestrado pela própria instituição, com foco no estudo de sistemas fotovoltaicos.

Jonas trabalhou para o surgimento do primeiro inversor de tecnologia nacional que transforma a energia térmica do sol, através da utilização de painéis instalados nos telhados dos imóveis, em eletricidade para utilização em aparelhos e equipamentos domésticos.

A tecnologia permite que qualquer pessoa tenha em casa uma placa solar com o inversor acoplado e possa fazer uso da energia solar transformada em elétrica.

O desafio, agora, é torna-lo usual. Outro ponto a ser explorado pelo engenheiro é obter a patente da criação.

O pesquisador explicou que nos sistemas denominados de fotovoltaicos, basicamente, a função é converter eletricidade de corrente contínua colhida pela placa instalada nos imóveis em energia de corrente alternada para ser injetada na rede elétrica.

O aparelho torna a energia compatível com as tensões de 127 e 220 volts. "Sem ele (inversor), não é produzida a eletricidade. Ele faz o papel mais importante", explicou.

Laboratório de eletrônica

O estudo, que norteou o mestrado de Gazoli, foi conduzido no Lepo (Laboratório de Eletrônica de Potência), que funciona na Faculdade de Engenharia Elétrica da Unicamp.

O financiamento da pesquisa foi realizado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

"No sistema residencial, são instalados de 5 a 15 painéis, de acordo com o tamanho do imóvel. Isso reduz o custo do sistema e melhora a eficiência. Hoje já é financeiramente viável", afirmou o pesquisador.

>Segundo ele, o investimento gira em torno de R$ 15 mil, que podem ser pagos de oito a dez anos, dependendo da região do país.

O abastecimento de eletricidade fica garantido por até 25 anos, quando há necessidade de substituição de placas. Os testes sobre a eficácia do método foram realizados com simuladores de painéis instalados no Lepo.

O americanense ressaltou que o impacto direto está na conta de energia elétrica, já que a utilização da energia fornecida pela concessionária será necessária apenas durante o período noturno.

Além disso, a intenção é que a eletricidade extra, acumulada ao longo do dia e não consumida, ainda possa ser disponibilizada na rede para uso da própria concessionária.

"O sistema pode ser projetado para suprir toda a residência ou para exceder a quantidade consumida", lembrou Gazoli. "Se não chegar a ser autônoma, a residência torna-se, no mínimo, sustentável", acrescentou Marcelo Gradella Villalva, coorientador da pesquisa, professor da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) e doutor na área pela Unicamp.

O modelo criado pelo americanense deve servir como base para difusão da tecnologia em escala comercial.

Depois de formar-se em Engenharia Elétrica na Unicamp e antes de iniciar o mestrado, concluído em agosto do ano passado, Jonas Rafael Gazoli ainda fez estágio na Universidade de Pádua, na Itália.

O próximo passo é inovar ainda mais a pesquisa, através do Doutorado, o qual já iniciou.

"Para o Doutorado, é preciso haver a inovação. É importante tornar o sistema mais seguro, mas ainda não é possível adiantar o que será feito", ressaltou.

Acesso

A tecnologia já está disponível no país para residências. O próprio Gazoli, juntamente com o coorientador da pesquisa, Marcelo Gradella Villalva, abriram a empresa Eudora Solar.

Villalva, inclusive, já havia dado início à pesquisa do engenheiro americanense, com o desenvolvimento de modelos industriais.

A empresa funciona no sistema de incubadoras em Campinas.