A descoberta brasileira pode revolucionar a indústria ao acelerar a conversão de biomassa em energia
Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) anunciaram a descoberta de uma enzima inovadora capaz de transformar resíduos vegetais em biocombustível de forma mais eficiente. Chamada de CelOCE (Cellulose Oxidative Cleaving Enzyme), essa “super enzima” foi isolada das bactérias encontradas em solos brasileiros e pode representar um avanço significativo na produção de energia sustentável, de acordo com o site Agência Brasil.
Uma pesquisa publicada na renomada revista Nature e destaca o potencial da CelOCE para aumentar a conversão de biomassa em glicose, essencial para a produção de biocombustíveis e outros produtos químicos sustentáveis. O estudo já comprovado sem depósito de patente e enzima está em fase de licenciamento para aplicação industrial.
Como essa enzima pode mudar a indústria?
A CelOCE tem um funcionamento inovador: ela acelera a quebra da celulose presente em resíduos vegetais, um processo essencial para transformar biomassa em biocombustível. Testes em escala industrial mostraram que, quando combinado com outras enzimas , a CelOCE aumentou em até 21% a liberação de glicose, tornando a produção de biocombustível mais eficiente.
A vantagem dessa enzima não é de tamanho limitado – composta por apenas 115 aminoácidos , ela é mais fácil de modificar e adaptar em laboratório. Esse fator pode torná-la uma ferramenta versátil para a produção de plásticos biodegradáveis, ácidos orgânicos e outros compostos compostos de biomassa
Bactérias do solo brasileiro revelam segredos para o futuro
A descoberta da ‘fonte' de biocombustível faz parte de um amplo programa de mapeamento genético da biodiversidade microbiana brasileira , conduzido pelo CNPEM em parceria com instituições internacionais. As bactérias da CelOCE foram encontradas em solos cobertos por bagaço de cana-de-açúcar, sem passar por modificações em laboratório.
Essa abordagem abre caminho para novas pesquisas em biotecnologia , com potencial de revelar outras enzimas úteis para a reciclagem de plásticos e petroquímicos. Como explicou o pesquisador Mario Murakami , líder do estudo, a descoberta “muda o paradigma da manipulação da celulose na natureza e tem o potencial de revolucionar as biorrefinarias”.