Flora em Extinção
Mais de cem árvores foram localizadas por pesquisadores da USP num remanescente de Mata Atlântica, na Paraíba
Pesquisadores
da Universidade de São Paulo (USP) identificaram na Paraíba a maior
população de pau-brasil ao norte do País. A expedição, realizada em
março, revelou mais de 100 árvores ainda intocadas num remanescente de
Mata Atlântica com 200 hectares em Mamanguape, 60 quilômetros ao norte
de João Pessoa.
O coordenador do estudo, Yuri Tavares
Rocha, percorreu os Estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e
Rio Grande do Norte. "Em Sergipe a espécie já desapareceu", constatou o
engenheiro agrônomo, professor de biogeografia do Departamento de
Geografia da USP.
Yuri defende a proteção da Mata
Sucupira, onde o pau-brasil em estado selvagem foi encontrado. "É
preciso transformar a área urgentemente numa reserva", disse o
pesquisador, dedicado ao estudo da espécie há seis anos, em entrevista
por telefone ao JC.
O pau-brasil, denominado
cientificamente de Caesalpinia echinata, era encontrado originalmente
do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Norte. Atualmente, apenas um Estado,
além da Paraíba, possui populações preservadas da espécie: Rio de
Janeiro, especialmente em Cabo Frio e Búzios. Além de Sergipe, o
pau-brasil também desapareceu do Espírito Santo, informa Yuri. Nos
outros Estados, a árvore está representada por pequenas populações.
No
Nordeste, a equipe de Yuri encontrou a espécie ainda no sul da Bahia e
no sul de Alagoas, além do norte da Paraíba. O pesquisador defende a
continuidade de pesquisas para a identificação de outras populações de
pau-brasil. "É preciso saber onde se encontra a árvore para podermos
conservá-la."
Extinção — A espécie, na lista das plantas
brasileiras ameaçadas de extinção, já teve 527.182 exemplares abatidos,
segundo levantamento do pesquisador publicado na última edição da
Revista Pesquisa, da Fapesp.
A
exploração mais intensa, segundo a revista, ocorreu no século 18,
quando foram cortadas 322.260 árvores. Yuri chegou a esses números após
consultar quase mil livros e documentos no Brasil e em Portugal.
Portugueses,
franceses, holandeses, espanhóis, ingleses e, mas recentemente,
brasileiros realizaram a exploração da espécie ao longo dos últimos
cinco séculos.
Notícia
Jornal do Commercio (RJ) online