Cientistas identificaram no município de Crato, no Ceará, o fóssil da formiga mais antiga já registrada, datado de aproximadamente 113 milhões de anos. A espécie, batizada de Vulcanidris cratensis, pertence ao grupo extinto das “formigas-do-inferno” (Haidomyrmecinae), conhecidas por suas mandíbulas em forma de foice e estratégias predatórias. O fóssil foi encontrado na Formação Crato, uma unidade geológica da Bacia do Araripe, reconhecida por sua riqueza paleontológica.
O exemplar apresenta características notáveis: é uma formiga alada de aproximadamente 1,35 cm de comprimento, com mandíbulas que se moviam verticalmente, diferentemente das formigas modernas, cujas mandíbulas se movem horizontalmente. Além disso, possuía um ferrão bem desenvolvido, semelhante ao de vespas, indicando que era uma predadora eficiente.
Este fóssil é cerca de 13 milhões de anos mais antigo que os registros anteriores de formigas, encontrados em âmbar na França e em Myanmar. Sua descoberta em rocha calcária, e não em âmbar, é incomum e oferece novas perspectivas sobre a evolução e dispersão geográfica desses insetos.
A descoberta reforça estimativas moleculares que sugerem que as formigas surgiram entre 168 milhões e 120 milhões de anos atrás, indicando uma diversificação precoce do grupo. O ambiente onde Vulcanidris cratensis viveu era rico em biodiversidade, incluindo insetos, répteis, pterossauros e dinossauros com penas.
O fóssil estava em uma coleção privada antes de ser doado ao Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, onde foi estudado pelo entomologista Anderson Lepeco. A pesquisa foi publicada na revista científica Current Biology.
Este achado destaca a importância da Formação Crato como um sítio paleontológico de relevância mundial e contribui significativamente para o entendimento da evolução das formigas e da biodiversidade do período Cretáceo.