Preocupados com a rapidez do processo de globalização, que exige um aumento da capacidade competitiva das empresas, empresários brasileiros estão cada vez mais voltados para a necessidade de investimentos na formação e melhoria da mão-de-obra dos seus funcionários.
Prova disso é o número de empresas que estão aderindo ao Programa Sesi - Educação do Trabalhador, cuja meta é alfabetizar e elevar a escolaridade de 1 milhão de trabalhadores até o ano 2000. Desde que o projeto foi lançado, em março último, até agora, 181 mil novos alunos já foram matriculados no programa. O investimento total previsto para os próximos três anos é de R$ 598 milhões, oriundos de recursos próprios do Sesi e dos parceiros.
Segundo o presidente em exercício da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Arthur João Donato, o rompimento das barreiras comerciais entre países e o ritmo com que ocorrem as mudanças nas economias podem representar uma "ameaça" ao mercado nacional, em razão do baixo nível de escolaridade dos trabalhadores.
Donato lembra que, enquanto a média de escolaridade do trabalhador brasileiro é de cerca de 3,5 anos, a do vizinho argentino, principal parceiro no Mercosul, é de 8 anos. Na Europa, a média é de 12 anos de estudo e, no Japão, cerca de 11 anos.
Além disso, outras pesquisas apontam que o Brasil possui 19 milhões de trabalhadores analfabetos e 3,6 milhões de trabalhadores da indústria subescolarizados.
"Nós acreditamos que, com a globalização, a necessidade dos empresários estabelecerem medidas competitivas será cada vez maior. E não há condições de se competir quando a escolaridade média do trabalhador é menor que 4 anos", diz Donato.
Para aumentar o grau de instrução dos trabalhadores, a CNI está buscando parcerias com empresários, sindicatos, prefeituras, universidades, órgãos governamentais e entidades civis. Até mesmo organizações religiosas estão sendo convocadas para se engajar no programa. A meta é ter, na virada do século, cerca de 40 mil salas de aulas funcionando em todo País.
Com uma proposta metodológica flexível, o projeto prevê investimentos para cursos de educação à distância, nos moldes do telecurso 2000, e aulas regulares dentro das fábricas. Dependendo da necessidade de cada parceiro, a CNI oferece aos participantes desde co-financiamento, cessão de professores, espaço físico para a instalação de salas de aulas e programas de intercâmbio técnico de alunos e docentes. "A nossa preocupação não é o ensino formal, mas ter salas de aula com mecanismos modernos de alfabetização", explica Donato.
Até o final do ano, o Sesi pretende matricular 300 mil alunos em cursos do ensino fundamental e supletivo, com investimentos de R$ 56 milhões para manutenção e expansão do programa. Em 1999, a meta é matricular mais 350 mil pessoas e, na virada do milênio, atingir um milhão de trabalhadores. O modelo das parcerias, segundo Donato, será discutido com cada empresa.
"Há vários levantamentos do Sesi e do Senai que mostram que, se a empresa der ao seu funcionário condições dele melhorar seu grau de instrução, o aumento da qualidade e da produtividade da sua empresa é quase inevitável", diz Donato. "Mas também é importante conscientizar o trabalhador de que a tendência do mercado é desprezar os que não têm escolaridade".
Com o slogan "É a indústria brasileira passando uma borracha no analfabetismo", a CNI está veiculando uma campanha publicitária sobre o programa em todos os estados, revela Donato.
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Gazeta Mercantil