Ações do documento A destinação adequada ao lixo de origem urbana e agrícola é uma das grandes preocupações de gestores públicos e um desafio para a pesquisa na busca de soluções sustentáveis para o problema. Um estudo que está sendo testado pela empresa incubada Aliança Orgânica, de São Carlos (SP), pode representar um avanço para resolver a questão. Os resultados com esse experimento são apresentados no I Workshop da Rede AgroRecicla "Caracterização, Aproveitamento e Geração de Novos Produtos de Resíduos Agrícolas, Agroindustriais e Urbanos", quinta-feira ( 28), na Embrapa Instrumentação.
O empresário e pesquisador Márcio Pereira Borali, proprietário da Aliança Orgânica, explicará o tratamento e a transformação de resíduos sólidos urbanos de origem domiciliar, comercial, industrial e agroindustrial em fertilizantes orgânicos, através do processo de compostagem. A pesquisa é uma das atividades do projeto da Rede AgroRecicla, criada em 2008.
Borali assegura que toneladas de resíduos orgânicos, como "restos e sobras" de frutas, verduras, legumes são recolhidas diariamente de estabelecimentos na área central da cidade e que o reaproveitamento desse material possibilita desviar grande parte do "lixo" que é encaminhado ao Aterro Sanitário, prolongando sua vida útil.
O novo processo de compostagem apresentado por Borali é diferenciado do método tradicional, pois possui três fatores relevantes: o sistema de controle, trituração do material e a ação de microorganismos. Isto colabora para que o tempo do processo de compostagem diminua de 90 dias para, aproximadamente, 50 dias, além de obter um produto final de melhor qualidade, padronizado e homogêneo, sem gerar novos passivos ambientais como chorume e rejeitos.
Os processos tradicionais envolvem a montagem de leiras em céu aberto, sujeitas às intempéries do tempo.Atualmente, a unidade piloto processa de 1 a 3 toneladas/dia de resíduos orgânicos em um espaço de 100 m², onde parte do produto acabado (fertilizante orgânico composto) é utilizado na própria Horta Municipal de São Carlos.
Contudo, o empresário esta focado no projeto de uma unidade com capacidade para processar 10 toneladas/dia de resíduos orgânicos e, assim, entrar numa escala industrial. "Nosso objetivo é desenvolver novos usos e produtos para o fertilizante através de parcerias e pesquisas, vislumbrando inovações para os setores de saneamento e agricultura", afirma Borali.
O projeto já foi apresentado à Prefeitura Municipal de Ibaté (SP), e colocará o município em destaque, ao promover o reuso de uma fração do "lixo" que atualmente é encaminhada ao aterro e que também prejudica o desenvolvimento da recém implantada Cooperativa de Recicladores.
Aliança Orgânica
ALIANÇA ORGÂNICA SOLUÇÕES AMBIENTAIS LTDA é uma empresa fundada em outubro de 2003 com o objetivo de prestação de serviço de Gestão Ambiental e Logística Reversa.
Em 2005, estabeleceu parceira com a Embrapa, passando a integrar o PROETA (Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Novas Empresas de Base Tecnológica Agropecuária e Transferência de Tecnologia) e a Fundação PARQTEC São Carlos, desenvolvendo atividades de consultoria, assessoria, pesquisa e inovação em Gestão Ambiental, com ênfase na Gestão de Resíduos Sólidos Orgânicos.
Em 2007, com o apoio da FAPESP, a empresa iniciou o desenvolvimento de metodologia para valoração de resíduos sólidos orgânicos, cujo foco é proporcionar o aproveitamento agrícola para a fração orgânica gerada pelos estabelecimentos domiciliares, comerciais, industriais, agroindustriais da região.
Fonte: Embrapa Instrumentação - por Joana Silva