São Paulo - Orbital Engenharia, com sede em São José dos Campos, é responsável pela produção de três painéis que compõem o Satélite Sino-Brasileiro.
Uma empresa brasileira conseguiu inserir o Brasil no grupo de produtores de painéis solares para aplicações aeroespaciais, um clube seleto do qual fazem parte apenas França, Alemanha, Japão, Rússia, China e Estados Unidos.
A Orbital Engenharia, com sede em São José dos Campos (SP), é responsável pela produção de três painéis que compõem o Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (Cbers-2B), construído pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Academia Chinesa de Tecnologia Espacial, com previsão de lançamento para setembro a partir da China.
"Pela primeira vez, os painéis solares do programa Cbers foram fabricados no Brasil. Até então, eram importados da Alemanha", disse o engenheiro mecânico Célio Costa Vaz, diretor da Orbital, à Agência Fapesp. "Os painéis passaram por todos os testes de aceitação do Inpe e foram instalados no satélite, que já está na China em campanha de lançamento."
Também conhecidos como geradores fotovoltaicos, os painéis captam a radiação solar e a convertem em eletricidade. Enquanto uma parte da energia elétrica produzida alimenta diretamente o satélite, a outra é armazenada em baterias para utilização enquanto ele se localiza nos cones de sombra projetados pela Terra.
Vaz, que trabalhou como projetista de painéis solares durante 18 anos no Inpe antes de fundar em 2001 a Orbital Engenharia — com pesquisas apoiadas pelo Programa Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (PIPE) da Fapesp —, explica que os painéis são compostos pela ligação em série de milhares de Solar Cell Assembly (SCA), unidades formadas por três componentes: célula solar, interconector e cobertura de proteção (cover glass).
A célula solar é responsável pela captação da luz do sol, enquanto o interconector faz o contato elétrico entre as células por meio de minúsculas partículas de prata. A cobertura de proteção, que é feita de vidro, protege as células das radiações do espaço. Para os três painéis do Cbers-2B, foram empregados 16 mil SCAs.
"Para fabricar os SCAs, utilizamos dois componentes, a célula solar e o cover glass, que ainda são importados, e o interconector, que já fabricamos no país. A grande inovação, no entanto, está na projeção e criação de todos os equipamentos e dispositivos que nos permitem unir esses três componentes e montar os painéis no Brasil", disse Vaz.
*Com informações da Agência Fapesp.