Em meio à crise na saúde provocada pela pandemia do coronavírus e a escassez de equipamentos médicos em várias cidades pelo Brasil, a Braile Biomédica, empresa de aparelhos médicos de São José do Rio Preto (SP), desenvolveu uma tecnologia para tratar pacientes graves de Covid-19. O Sistema Solis é um equipamento que funciona como um "pulmão artificial", capaz de exercer simultaneamente as funções do órgão e também do coração. Ele consegue reproduzir o processo de Oxigenação por Membrana Extracorpórea (ECMO, em inglês), no qual o sangue venoso (pobre em oxigênio e rico em dióxido de carbono) é retirado do paciente e bombeado de volta para uma veia ou artéria.
Segundo a entidade, a tecnologia, cuja primeira unidade foi vendida para o estado do Ceará em janeiro deste ano, será utilizada em pacientes de covid-19 com quadro clínico grave, como casos em que a ventilação mecânica não estiver mais surtindo efeito. O objetivo é ajudar a manter o paciente vivo até que a doença regrida, possibilitando a retirada de gás carbônico e o ingresso de oxigênio no sangue. Por isso, o sistema Solis é mais invasivo do que os respiradores convencionais.
O equipamento é indicado para adultos e crianças e pode ser usado também em casos de transplante de coração, infarto no miocárdio, parada cardíaca, além da insuficiência respiratória aguda, condição também causada pelo coronavírus. O projeto contou com investimento da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) e apoio de pesquisa do Instituto de Pesquisas Eldorado.
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De acordo com Patrícia Braile, presidente da Braile Biomédica, outros países já manifestaram interesse pela tecnologia, que será vendida para hospitais, planos de saúde e distribuidores do setor. "Estamos em negociações avançadas com a Colômbia, Venezuela, Ucrânia e Alemanha", afirma. O sistema foi desenvolvido em seis meses durante a pandemia e já possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
"Esse é um equipamento inédito na indústria nacional. O Brasil é o único país a fabricar esse tipo de tecnologia em todo o hemisfério Sul. O sistema Solis é um grande avanço tecnológico para o país e é um orgulho tê-lo desenvolvido no Brasil", diz Patrícia.
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O investimento no projeto foi de R$ 2,3 milhões. Do total, a Embrapii foi responsável por R$ 1,15 milhão. "Desde o início da pandemia, a Embrapii tem apoiado vários projetos para a criação de respiradores, mostrando que a indústria nacional é capaz de responder a esse desafio", afirma José Luis Gordon, diretor de planejamento e relações institucionais da instituição.