Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, companhia desenvolve dois modelos portáteis
A pandemia de COVID-19 (doença causada pelo novo corona virus) deflagrou uma corrida mundial para o desenvolvimento rápido de ventiladores pulmonares eficientes e de baixo custo para o tratamento de pacientes em estado grave. Para atender a essa demanda e requisitos, a empresa Setup Automação e Controle de Processos, situada em Campinas, está desenvolvendo um projeto apoiado pelo Programa Fapesp Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe)- iniciativa ligada à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, com o objetivo de desenvolver dois novos modelos de ventiladores portáteis.
A proposta foi uma das seis primeiras selecionadas em um edital lançado pelo Pipe-Fapesp em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), para apoiar o desenvolvimento de produtos, serviços ou processos criados por startups e pequenas empresas de base tecnológica no estado de São Paulo, voltados ao combate à enfermidade. “ O objetivo é, no fim dos três primeiros meses de trabalho, estarmos com os dois protótipos de respiradores prontos ”, afirma William Robert Heinrich, um dos sócios da empresa, à Agência Fapesp. Um dos ventiladores será direcionado para utilização em hospitais de campanha, e o outro modelo, para Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Suporte A diferença básica entre os dois tipos de equipamentos em desenvolvimento está no conjunto de funções que terão. Enquanto os respiradores mais simples, para uso em leitos de enfermaria e hospitais de campanha, visam dar suporte à vida do paciente, ou seja, encher os pulmões de ar, os aparelhos voltados para as UTis precisam ser mais robustos e ter um preço igualmente acessível.
“ Os ventiladores para UTis também devem ter a função de acompanhar vários indicadores vitais para os pacientes, como controle de fluxo e de volume de oxigênio, de modo a auxiliar os médicos no diagnóstico e na escolha por uma ou outra terapia ”, explica Heinrich. À empresa pretende desenvolver respiradores de simples operação, que possam ser utilizados em regiões mais afastadas dos grandes centros urbanos. “ Temos uma boa experiência em todas as áreas de engenharia envolvidas na construção de um respirador ”, afirma o engenheiro. Com 24 anos de atuação em projetos de inovação na área de automação| industrial, com desenvolvimento em áreas mais especificas como pneumática, mecânica, hidráulica e controle em malha fechada, a Setup também está desenvolvendo uma estação automatizada para a realização de testes de calibração de qualquer tipo de respirador. “ Hoje, uma calibração demora entre quatro e oito horas. Queremos baixar esse tempo para minutos ”, diz Heinrich. Adaptações tecnológicas
Os pesquisadores pretendem produzir os equipamentos em escala comercial em menos de sete meses e disponibilizá-los para hospi de ventiladores pulmonares tais públicos e privados. A fim de acelerar o desenvolvimento e superar obstáculos como a falta de componentes necessários para a fabricação de ventiladores pulmonares no mercado, a empresa tem buscado fazer o máximo de parcerias possíveis com indústrias nacionais para substituir itens importados. Uma das possibilidades. por exemplo, é usar os bicos injetores feitos para motores flex de automóveis nos respiradores, produzidos em larga escala no Brasil a um custo acessível.
“ Por causa das exigências da indústria automobilística, esses componentes já são produzidos em salas limpas, um requisito importante para a utilização em respiradores ”, afirma Heinrich. O equipamento também poderá ser adaptado para utilização em medicina veterinária, para a realização de cirurgias complexas em animais, indicou o pesquisador. “ A adaptação do projeto para uso em animais de pequeno ou grande porte é muito simples de ser feita ”, garante o pesquisador.