O Brasil apresenta um considerável número de opções para aqueles que pretendem empreender, seja porque têm uma ideia definida, um produto ou serviço que visa a atender uma necessidade de consumidores específicos ou a uma comunidade e investem tempo e planejamento para esse fim (empreendedorismo de oportunidade), seja porque não possuem outra alternativa, gerada pelo desemprego ou efeitos negativos acentuados de um estado de crise nos níveis de atividade econômica (empreendedorismo de necessidade).
No Brasil, as possibilidades de apoio à iniciativa empreendedora normalmente se destacam através dos programas de cunho governamental, através da promoção de políticas públicas, ou através de organizações não governamentais (NEGRÃO, GENTILIN et al, 2015).
No que se referem ao apoio governamental, os planos que mais se destacam são:
a) RHAE (Programa de Capacitação de Recursos Humanos para Atividades Estratégicas), uma iniciativa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e do Ministério da Ciência e Tecnologia;
b) o Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (PIPE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP);
c) o Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (PAPPE), criado em função do sucesso do programa PIPE da FAPESP;
d) o Programa de Apoio Tecnológico à Exportação, criado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT);
e) a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), uma empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia;
f) o Start-Up Brasil, um Programa Nacional de Aceleração de Startups que tem iniciativa do governo federal, elaborado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com gestão da Softex.
É importante salientar que a possibilidade de criação de novas agências é algo a se considerar dentro do escopo de empreendedorismo no Brasil, visto que este é um campo altamente dependente das inovações, novas iniciativas e adequações ao nível de maturidade das empresas e empreendedores com vista ao atendimento de mais demandas, sobretudo aquelas que necessitam apoio para desenvolvimento científico.
No tocante às empresas não governamentais, temos:
a) Anjos do Brasil, uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo influenciar de maneira positiva o crescimento do investimento anjo para apoio ao empreendedorismo de inovação;
b) a ARTEMISIA , um programa intensivo onde os empreendedores são encorajados de forma continua em função de otimizar novos modelos de receita;
c) a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC);
d) a Confederação Nacional dos Jovens Empreendedores (CONAJE), criada em 1999, com atuação em 22 estados brasileiros;
e) o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), uma entidade privada que incentiva a competitividade e o desenvolvimento sustentável dos empreendimentos de micro e pequeno porte, com mais de 40 anos de experiência no ramo;
f) a ASHOKA é considerada uma organização mundial, estando presente em mais de 85 países.
Assim como em muitos países desenvolvidos, e não diferente no Brasil, algumas organizações e instituições se dedicam a buscar excelência no suporte aos empreendedores voltados ao atendimento de necessidades de impacto, como dos ambientes dedicados à tecnologia e desenvolvimento da informação e comunicação. Esses ambientes são representados por parque tecnológicos, aceleradoras de negócios e incubadoras de empresas.
Vamos tecer alguns comentários sobre os dois últimos.
O Brasil tem registrado um aumento significativo de criação de startups e aceleradoras, visando principalmente apoiar e sustentar o desafio de superar a fragilidade das empresas, principalmente as nascentes.
As aceleradoras e as incubadoras se destacam nesse mercado, pois a economia, principalmente em épocas de crise econômica, apresenta como sintomas a necessidade de geração de receita superando em muito o aumento dos custos. Nisso o empreendedor se vê diante do desafio de equilibrar essa equação, muitas vezes sem o conhecimento necessário.
As aceleradoras cuidam da parte mais estratégica do processo de empreendedorismo, oferecendo o apoio de empreendedores mais experientes, bem como serviços, espaço, mentoria, rede de contatos, conhecimento de gestão e estratégia de negócios, promovem exposição dos projetos e consequente melhoria dos planos de negócios, e ao fim dos projetos, propõe que os melhores sejam demonstrados (Demo Day) a investidores em potencial. São alternativas mais pragmáticas, feitas para aqueles que necessitam ver rapidamente o resultado de suas ações, mas não querem arriscar-se sem um embasamento gerencial e estratégico.
As incubadoras, muitas vezes complementando e recebendo direcionamento das aceleradoras, possibilitam o desenvolvimento da solução e do produto, oferecendo opções de baixo custo, espaço para escritório e interface com pesquisas acadêmicas, acesso a órgãos de fomento, orientação legal, suporte a processos, rede de parceiros, entre outros benefícios.
Enquanto as aceleradoras visam a melhoria da modelagem de negócio, as incubadoras possibilitam ao empreendedor o foco no produto.
Tanto em um caso como em outro, são apostas de risco (pelo empreendedor e pelo investidor), visando a criação de algo útil, através da colaboração, do compartilhamento de ideias, do desenvolvimento local e do benefício da sociedade em geral.
No entanto, e apesar dessa gama de possibilidades e opções, a eficácia do atendimento ainda é discutível, pois nem sempre atende a todos os setores e necessidades, principalmente do empreendedor de menor porte (micro e pequenos empresários, por exemplo).
Seja qual modalidade o empreendedor escolha ou tenha que optar, a característica primeira que vem à discussão é a possibilidade de crescimento da economia nacional, da geração de empregos, da melhora dos níveis de capacitação e do atendimento às necessidades humanas, independentemente do porte da empresa.
Temos também a figura do intraempreendedor e do empreendedor social, mas destinaremos um trabalho específico em breve sobre essas duas figuras fundamentais no ambiente de empreendedorismo no Brasil e no mundo.
Referências:
NEGRÃO, Pedro Henrique Barros. GENTLIN, Gabriel Andrian. SILVA, Daniel de Jesus et al. Apoio ao empreendedorismo no Brasil. IX EEPA UNESPAR/Campus de Campo Mourão, 2015. Disponível em http://www.fecilcam.br/anais/ix_eepa/data/uploads/6-engenharia-organizacional/6-03.pdf. Acesso em 12.set.2018.
RIBEIRO, Artur Tavares Vilas Boas; PLONSKI, Guilherme Ary; ORTEGA, Luciane Meneguin. Um fim, dois meios: aceleradoras e incubadoras no Brasil. Anais.. São Paulo: ALTEC, 2015.Disponível em:http://bdpi.usp.br/item/002734394 Acesso em 12.set.2018