O aumento das emissões da maior floresta tropical do mundo foi de 89% em 2019, e de 122% em 2020, em comparação com a média do período de 2010 a 2018.
O estudo, assinado por 30 cientistas, defende que tal se deveu a um aumento da desflorestação de 82% em 2019, e de 77% em 2020.
"As áreas mais desmatadas têm menos chuvas, mais temperatura e emitem mais carbono", explicou a investigadora principal Luciana Gatti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Brasil, durante a apresentação dos resultados.
Assim, na região oriental da Amazónia, onde a desflorestação foi quase três vezes superior à da região ocidental, as emissões foram mais de oito vezes superiores às da outra região.
A quantidade de carbono emitida em 2019 e 2020 é comparável à quantidade registada durante os extremos de temperatura do El Niño de 2015 e 2016.
No entanto, ao contrário desses anos, não houve um episódio de seca extrema semelhante na Amazónia em 2019 e 2020.
Gatti também observou que a área queimada aumentou 42% em 2020, bem abaixo do aumento das emissões.
Descartando a seca como explicação para o aumento das emissões, o estudo aponta para o "declínio na aplicação da lei" do Governo de Bolsonaro para combater o desmatamento.
Nos dois anos estudados, as notificações de infrações de desmatamento caíram 30% em 2019, e 54% em 2020, e as multas pagas 74% no primeiro ano, e 89% no segundo, em comparação com a média do período de 2010 a 2018.
"Toda uma série de ferramentas que estavam em vigor para combater o desmatamento foram retiradas", disse Gatti.
O estudo sugere que isso permitiu o avanço das atividades económicas na região, em detrimento da cobertura vegetal.