Notícia

Gazeta Mercantil

Embratel estuda lançamento do quarto satélite brasileiro

Publicado em 16 fevereiro 1996

Por por Heloisa Magalhães - do Rio
A Embratel já está estudando o lançamento de um quarto satélite brasileiro de telecomunicações. Em dezembro, foi anunciada a contratação do terceiro satélite operado pela estatal mas, apesar do lançamento estar previsto para o período entre dezembro de 1997 e março de 1998, a estatal já tem fila de clientes interessados em contratar serviços no novo satélite. São empresas montando ou ampliando redes de comunicação de dados ou emissoras de televisão ou governos estaduais que estão instalando serviços de tele-educação. Diante da demanda, a estatal também está se aproximando do grupo argentino Nahuelsat, que tem previsão de lançar o Nahuel, seu primeiro satélite próprio em setembro próximo. O satélite cobrirá a América Latina e vai operar a banda de freqüência Ku. A estratégia da Embratel é de vir negociar a oferta da banda de freqüência Ku no Brasil pelo Nahuel. Em contrapartida, a estatal brasileira ofereceria Banda C nos países vizinhos. O grupo Nahuelsat, formado pela Deutsche Aerospace da Alemanha e empresas locais, prevê investimentos de US$ 240 milhões. Análises jurídicas, segundo a Embratel, indicam que a contratação de um quarto satélite numa mesma concorrência é legal. A licitação estabeleceu até a contratação de cinco satélites. Mas houve reações no setor quando em grande festa o presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou em dezembro a contratação do B3, principalmente porque cresce o interesse da iniciativa privada no setor. Para não ferir as normas da concorrência, o novo satélite da Embratel deverá ter as mesmas características dos anteriores o B1, lançado em agosto de 1994 e o B2, em março de 1995. Por esta razão, vai operar somente banda C e não irá oferecer a cobiçada banda Ku, a freqüência hoje utilizada por redes de televisão por assinatura em todo mundo. A mesma que o grupo Globo pretende atuar através do consórcio Intelsat, que mandaria para o satélite para este serviço ao espaço na terça-feira através da empresa chinesa Longa Marcha. Mas acabou havendo problemas no foguete de lançamento e foi necessária a explosão do satélite. Na Embratel, as informações são de que a definição pelo lançamento de um quarto satélite visa não só à atender a demanda reprimida como garantir competitividade para a operadora. Isso porque poderá ocorrer ainda este ano a abertura do setor à iniciativa privada. O volume de investimentos previstos no B4 é de US$ 150 milhões, incluindo o satélite propriamente dito, seguro, lançamento, entre outras despesas. A estatal chegou a analisar a possibilidade de capacitar o B4 para atingir com eficiência o mercado latino-americano, o que acabaria aumentando em US$ 50 milhões o custo do satélite. São inúmeros os serviços estrangeiros, como PanAmSat e o Galaxy (da Hughes) que tentam ingressar de forma direta no mercado brasileiro, apesar do projeto de lei em discussão no Congresso Nacional procurar estabelecer que será bem-vinda a presença de serviços de outros países mas em parceria com grupos nacionais.