Notícia

Gazeta Mercantil

Embrapa vai fazer pesquisa

Publicado em 21 outubro 1997

Por Virgínia Silveira - de São José dos Campos
A Brazsat Commercial Space-Services, empresa brasileira e que coordena trabalhos de pesquisa espacial, está desenvolvendo um projeto piloto para o Ministério da Agricultura para a utilização da tecnologia espacial em benefício das culturas agrícolas brasileiras. O projeto, segundo o presidente da Brazsat, João Gilberto Vaz, prevê a realização de pesquisas conjuntas com a Embrapa na área de biotecnologia de plantas, mapeamento de terras produtivas e o treinamento de pessoal em centros especializados norte-americanos. A empresa, com filial nos Estados Unidos, fatura US$ 1,3 milhão. Segundo o assessor de assuntos internacionais do Ministério da Agricultura, Paulo Márcio Neves Rodrigues, o governo brasileiro quer ter acesso às tecnologias espaciais que resultem na modernização da agricultura do País, com um conseqüente aumento de produtividade e qualidade de suas culturas. "O ministro Arlindo Porto esteve em Washington há cerca de um mês para discutir essa questão com dirigentes da Nasa", disse. A primeira fase do projeto começou a ser concretizada com a realização do primeiro workshop sobre a comercialização de atividades espaciais nas áreas de telecomunicações, robótica espacial e simulações, biotecnologia e medicina e materiais, promovido pela Brazsat, prefeitura de São José dos Campos e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A importância das aplicações espaciais na previsão de safra, análise química e física dos solos, zoneamento agrícola e identificação de culturas mais adequadas para determinados tipos de solo foram os principais temas abordados no workshop, com apresentação feita pelo diretor do Centro de Automação Espacial e Robótica de Wisconsin, nos Estados Unidos, Raymond Bula. O centro de Wisconsin, que integra uma rede de instituições de pesquisa da Nasa com fins comerciais, vem se dedicando, nos últimos dez anos, ao estudo do desenvolvimento de plantas e sementes em ambiente de microgravidade. Segundo o pesquisador Raymond Bula, Ph.D em fisiologia de plantas, já está comprovado que em ambiente espacial as plantas e sementes crescem de uma forma mais regular, homogênea e produtiva. Uma das principais frentes de trabalho dos cientistas da Nasa nessa área, de acordo com Bula, é o desenvolvimento genético de sementes de soja mais resistentes aos efeitos de pesticidas usados no combate às pragas. As pesquisas da Nasa sobre o assunto, que vêm sendo apoiadas por grandes empresas de agribusiness dos EUA interessadas em descobrir mecanismos mais eficientes de combate às pragas em suas lavouras, serão testadas no espaço em janeiro de 1998, com o lançamento de um experimento científico à bordo da estação espacial russa Mir. "Estamos na fase final de montagem dos equipamentos que deverão acelerar o desenvolvimento genético de novas espécies de sementes de soja no espaço", disse. Segundo Bula, o processo é longo, pode levar vários anos até resultar num produto que seja comercializável, mas as pesquisas já estão bem próximas desse resultado. Outra pesquisarem fase adiantada de desenvolvimento pela equipe de Raymond Bula é a incorporação de anticorpos em grãos como milho e soja. Essa pesquisa está prevista para outubro de 1998, a bordo do Space Shuttle.