Notícia

Gazeta Mercantil

Embrapa quer maior autonomia financeira

Publicado em 15 fevereiro 1996

Por Rodrigo Mesquita e Doca de Oliveira - de Brasília
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) quer mais autonomia. "Queremos um contrato de gestão que nos permita maior flexibilidade", disse a este jornal, o presidente da empresa, Alberto Portugal. Ele acredita que com mais liberdade, a Embrapa seria capaz de gerar recursos suficientes para cobrir até 50% de seus custos. A empresa tem uma receita própria de cerca de R$ 40 milhões, alavancada através da cobrança de royalties, da venda de sementes básicas, da prestação de serviços (palestras, análises e consultoria) e da comercialização de subprodutos (como doces, vinhos etc.), que cobre perto de 15% do seu orçamento de custeio, sem contar os investimentos. Os acordos internacionais para transferência de tecnologia têm um peso importante em tudo isso e Portugal quer aumentar essa participação. "Podemos nos transformar num braço de exportação de tecnologia do governo", diz ele. Essa "exportação de inteligência" tem, a médio e longo prazos, o objetivo de colocar o Brasil "numa posição estratégica forte diante dos outros países com características tropicais", acrescenta ele, referindo-se aos vizinhos da América Latina, Caribe, África e Ásia. A Embrapa também pretende aprovar mudanças em sua organização para resguardar-se dos trâmites burocráticos impostos pela lei 8.666, que regulamenta as licitações, "e emperra o nosso relacionamento com a iniciativa privada". Para Portugal, a empresa "já está preparada para desfrutar maior liberdade". Portugal quer ainda implementar um sistema de avaliação e gratificação por resultados, a fim de estimular maior produtividade. "O objetivo é ter uma empresa leve e eficiente, que desfrute de maior flexibilidade". A estatal foi buscar no marketing os parâmetros que definem seu novo foco estratégico, posicionando-se como produtora de bens de serviço e não mais apenas como um centro de desenvolvimento tecnológico.