A partir deste mês, o Centro de Ciência para o Desenvolvimento em Agricultura Digital (CCD-AD/Semear Digital), coordenado pela Embrapa Agricultura Digita l e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo ( Fapesp ), vai desenvolver ações de inclusão digital em dez municípios distribuídos pelas cinco regiões do País. A iniciativa tem o potencial de alcançar até 14 mil pequenas e médias propriedades rurais.
Atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação em tecnologias emergentes serão realizadas em ambientes de produção, denominados Distritos Agrotecnológicos (DATs). Há dois anos, estão em funcionamento pilotos do projeto nos municípios paulistas de Caconde e São Miguel Arcanjo. O estado de São Paulo vai receber mais três DATs: em Jacupiranga, Lagoinha e Alto Alegre. Ainda na região Sudeste, Ingaí (MG) foi selecionada para as atividades.
As regiões Norte e Nordeste serão integradas ao projeto a partir de Breves (PA) e Boa Vista do Tupim (BA), respectivamente. Enquanto, no Centro-Oeste, participa a cidade de Guia Lopes da Laguna (MS) e, representando o Sul, estará Vacaria (RS). A partir de agora, serão realizados diagnósticos socioeconômicos em cada DAT e identificados os pontos focais e as propriedades rurais referência. Veja no box as cadeias produtivas contempladas em cada município.
“Não adianta construir um projeto de inclusão digital sem envolver e ouvir produtores e produtoras sobre suas demandas”, destaca a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, idealizadora da iniciativa e pesquisadora responsável pelo Centro. “O Semear Digital vai atuar junto a associações e cooperativas do setor produtivo de forma interdisciplinar e colaborativa entre as instituições parceiras nas dimensões da pesquisa e inovação, conectividade e capacitação”, completa.
O modelo de operação do Semear Digital explora a agricultura digital inclusiva em seu potencial de reduzir assimetrias de mercado, atuar no bem-estar social das comunidades e transformar-se em pilar para o desenvolvimento sustentável dos múltiplos atores das cadeias produtivas envolvidas, destaca Massruhá.
“O centro oferecerá conectividade e tecnologias digitais para pequenos e médios produtores, proporcionando aumento da renda e o acionamento de serviços técnicos via web”, diz Marcio de Castro Silva Filho, diretor científico da Fapesp.
O Semear Digital vai propor soluções adaptadas às diversas realidades rurais no País e, por meio de parcerias, identificar gargalos de conectividade e propor soluções em comunicação; pesquisar, desenvolver e validar tecnologias habilitadoras para soluções digitais. E, ainda, capacitar produtores, técnicos agrícolas e consultores em tecnologias digitais por meio de associações de produtores, cooperativas, escritórios de extensão rural públicos ou privados.
Entre os potenciais parceiros do projeto, a depender do estágio do DAT, estão: produtores e cooperativas, grandes empresas fornecedoras, startups e programas de apoio ao empreendedorismo e inovação aberta, agentes financeiros e públicos das esferas federal, estadual e municipal, além de instituições de ensino e pesquisa.
PESQUISA COLABORATIVA O diálogo entre as diferentes instituições e disciplinas, a criação de metodologias que possibilitem abordagens similares para diversas áreas e culturas, bem como a falta de familiaridade das comunidades rurais no campo da agricultura digital, estão entre os desafios da pesquisa na consolidação de novas ferramentas voltadas à inclusão digital de pequenos e médios produtores rurais. A avaliação é do cientista chefe do Centro Semear Digital e professor da Esalq/Usp, Durval Dourado Neto (de amarelo).
Coordenador do Grupo de Políticas Públicas da faculdade, ele destaca a contribuição do centro também neste âmbito, a partir da expertise das equipes em pesquisa na agricultura. “O contato com os ambientes de produção será de extrema importância para identificar os melhores caminhos para avançarmos no conhecimento científico, gerando soluções que atendam às necessidades de cada um dos DATs”, diz.
A Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo ( Esalq/USP ) também integra o consórcio ao lado do Instituto Agronômico ( IAC/SP ), do Instituto de Economia Agrícola ( IEA/SP ), Universidade Federal de Lavras ( UFLA ) e do Instituto Nacional de Telecomunicações ( Inatel ), além do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações ( CPqD ).
A Embrapa contará, inicialmente, com o envolvimento de equipes de oito centros de pesquisa de modo a abranger regiões e temáticas: Embrapa Amazônia Oriental, Embrapa Uva e Vinho, Embrapa Agropecuária Oeste, Embrapa Mandioca e Fruticultura, Embrapa Cerrados, Embrapa Meio Ambiente, Embrapa Pecuária Sudeste e Embrapa Instrumentação.