A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) faz bonito não apenas no campo, nas 'cocheiras', nas estufas e nos laboratórios, mas também quando o assunto é a geração de recursos próprios. A entidade que já esteve à beira de uma crise financeira em 2003, data em que completou 30 anos, a cada ano amplia sua capacidade de obter receita própria embora não tenha fins lucrativos. Para se ter uma idéia, no contraponto entre 2004 e 2003, os valores obtidos apenas com a cobrança de royalties por novas variedades desenvolvidas avançaram 27,7%.
"Em 2003, arrecadamos R$ 9 milhões com a cobrança de royalties por novas variedades desenvolvidas. No ano passado esse valor saltou para R$ 11, 5 milhões", afirma o gerente de propriedade intelectual e negócios da Embrapa Transferência de Tecnologia, Filipe de Moraes Teixeira.
Além dos valores obtidos com os royalties, a Embrapa gerou cerca de R$ 8 milhões com a comercialização de sementes. "O produto líder, tanto na cobrança de royalties quanto na venda de sementes é a soja. Cerca de 50% desses valores vêm do grão", afirma o gerente. Teixeira diz ainda que, além dessas fontes de geração de receita própria, cada uma das 38 unidades de pesquisa da Embrapa comercializa os produtos oriundos das pesquisas. "Em muitos casos, para executar a pesquisa, temos de produzir em larga escala. Esses produtos são vendidos nas regiões em que essas unidades atuam."
Teixeira afirma que não é possível saber exatamente o valor global obtido com a venda de produtos em cada uma das unidades.
Pecuária Sudeste
No caso da unidade Pecuária Sudeste, sediada em São Carlos, que conta com um rebanho bovino de corte com 2.348 animais (sendo 867 da raça canchin, 867 da nelore e 1.481 frutos de cruzamento), outro de leite com 245 cabeças, e outro com 51 eqüinos e 43 ovinos da raça santa inês, a receita própria é composta por três itens. Receita direta obtida com a venda de animais, leite e outros; receita indireta por meio de projetos com entidades de pesquisa como FAPESP e CNPq e convênios com iniciativa privada.
Além da Coordenadoria de Assistência Técnica de Assistência Integral (CATI) que é ligada ao Governo do Estado de São Paulo, Tortuga Cia. Zootécnica Agrária , DeLaval e Ouro Fino Saúde Animal são algumas das empresas privadas que já realizaram convênios com a Pecuária Sudeste. Os convênios abrangem desde transferência de tecnologia até a divulgação do 'selo Embrapa' em publicações.
Em 2004, somando-se os três itens, a receita própria totalizou R$ 3,6 milhões, sendo R$ 1,085 milhão (receita direta), R$ 724,6 mil (receita indireta) e R$ 1,8 milhão (convênios).
O valor arrecadado, segundo o chefe adjunto de Comunicação, Negócios e Apoio da unidade, Sérgio Novita Esteves, os recursos são suficientes para cobrir cerca de 80% dos dispêndios com custeio. Esse item, que faz parte das despesas, é composto entre outros por gastos como papel, conta telefônica e insumos em geral usados na criação e manejo dos animais (sal mineral, adubo para pastagens, etc). Esteves também é um dos integrantes do projeto Transferência de Tecnologia para Produtores Familiares de Leite do Estado de São Paulo, considerado uma espécie de 'menina dos olhos' da unidade Pecuária Sudeste. (leia boxe ao lado)
Os outros itens que compõem as despesas são: salários e encargos (são 119 funcionários, 87 ligados diretamente à pesquisa) pagos diretamente com recursos do Tesouro Nacional e investimentos cuja verba também tem como origem o governo federal.
Hortaliças e Caprinos
A unidade Hortaliças, de Brasília, também possui um sistema de geração de receita semelhante. Segundo o responsável pelo departamento de Marketing, Max Diniz, a unidade comercializa, além de publicações, sementes e serviços como análise de solo, milho em algumas épocas do ano. "No período chuvoso, quando não é possível continuar com as pesquisas em algumas áreas, a fim de aproveitá-las, plantamos milho para comercialização na região."
Por sua vez, a unidade Caprinos chega a vender na região de Sobral, no Ceará, derivados de leite de cabra como doce e queijos.
Auto-suficiência
No entanto, a entidade ainda está longe da auto-suficiência. Em 2003, a receita própria somou R$ 116 milhões contra gastos totais de R$ 790 milhões. A diferença foi contemplada por recursos do governo federal. De todos os itens que compõem a despesa, o maior ficou por conta da folha de pagamento: R$ 563 milhões.
Projeto do leite será 'exportado'
Criado pelos pesquisadores da unidade Pecuária Sudeste da Embrapa, o projeto Transferência de Tecnologia para Produtores Familiares de Leite do Estado de São Paulo comemora resultados como sua 'exportação' para os estados vizinhos do Paraná e Rio de Janeiro. A iniciativa, que está hoje em sua terceira versão, conta com a parceria da CATI, sindicatos rurais e prefeituras locais.
Ao todo já são 105 propriedades demonstradoras de tecnologia ao longo do Estado de São Paulo. Quando tudo começou eram apenas 16 produtores envolvidos, sendo oito em São Carlos (interior paulista) e outros oito em Muriaé (MG).
No entanto, segundo o chefe adjunto de Comunicação, Negócios e Apoio da unidade, Sérgio Novita Esteves, a abrangência do projeto supera as 105 demonstradoras. "Na verdade, um dos grandes diferenciais do projeto é o seu efeito multiplicador. Cada técnico treinado pela Embrapa tem capacidade para repassar o conhecimento a pelo menos outras cinco propriedades." Segundo dados da Embrapa, na região Sudeste existem 633,6 mil unidades familiares. Do total, 86% produzem menos de 100 litros/dia e são responsáveis por 36% da oferta de leite.
As vantagens para os produtores são garantidas. O investimento é praticamente nulo uma vez que a base do projeto está na organização de uma detalhada planilha de dados zootécnicos (número de animais, idade, peso, cruzamentos, nascimentos) e econômicos (produção, venda, preços). Para se ter uma idéia, em propriedades cuja produção está pouco acima de 100 mil litros/ano, houve um aumento de até 127% nos volumes de leite.
"Em 2003, arrecadamos R$ 9 milhões com a cobrança de royalties por novas variedades desenvolvidas. No ano passado esse valor saltou para R$ 11, 5 milhões", afirma o gerente de propriedade intelectual e negócios da Embrapa Transferência de Tecnologia, Filipe de Moraes Teixeira.
Além dos valores obtidos com os royalties, a Embrapa gerou cerca de R$ 8 milhões com a comercialização de sementes. "O produto líder, tanto na cobrança de royalties quanto na venda de sementes é a soja. Cerca de 50% desses valores vêm do grão", afirma o gerente. Teixeira diz ainda que, além dessas fontes de geração de receita própria, cada uma das 38 unidades de pesquisa da Embrapa comercializa os produtos oriundos das pesquisas. "Em muitos casos, para executar a pesquisa, temos de produzir em larga escala. Esses produtos são vendidos nas regiões em que essas unidades atuam."
Teixeira afirma que não é possível saber exatamente o valor global obtido com a venda de produtos em cada uma das unidades.
Pecuária Sudeste
No caso da unidade Pecuária Sudeste, sediada em São Carlos, que conta com um rebanho bovino de corte com 2.348 animais (sendo 867 da raça canchin, 867 da nelore e 1.481 frutos de cruzamento), outro de leite com 245 cabeças, e outro com 51 eqüinos e 43 ovinos da raça santa inês, a receita própria é composta por três itens. Receita direta obtida com a venda de animais, leite e outros; receita indireta por meio de projetos com entidades de pesquisa como FAPESP e CNPq e convênios com iniciativa privada.
Além da Coordenadoria de Assistência Técnica de Assistência Integral (CATI) que é ligada ao Governo do Estado de São Paulo, Tortuga Cia. Zootécnica Agrária , DeLaval e Ouro Fino Saúde Animal são algumas das empresas privadas que já realizaram convênios com a Pecuária Sudeste. Os convênios abrangem desde transferência de tecnologia até a divulgação do 'selo Embrapa' em publicações.
Em 2004, somando-se os três itens, a receita própria totalizou R$ 3,6 milhões, sendo R$ 1,085 milhão (receita direta), R$ 724,6 mil (receita indireta) e R$ 1,8 milhão (convênios).
O valor arrecadado, segundo o chefe adjunto de Comunicação, Negócios e Apoio da unidade, Sérgio Novita Esteves, os recursos são suficientes para cobrir cerca de 80% dos dispêndios com custeio. Esse item, que faz parte das despesas, é composto entre outros por gastos como papel, conta telefônica e insumos em geral usados na criação e manejo dos animais (sal mineral, adubo para pastagens, etc). Esteves também é um dos integrantes do projeto Transferência de Tecnologia para Produtores Familiares de Leite do Estado de São Paulo, considerado uma espécie de 'menina dos olhos' da unidade Pecuária Sudeste. (leia boxe ao lado)
Os outros itens que compõem as despesas são: salários e encargos (são 119 funcionários, 87 ligados diretamente à pesquisa) pagos diretamente com recursos do Tesouro Nacional e investimentos cuja verba também tem como origem o governo federal.
Hortaliças e Caprinos
A unidade Hortaliças, de Brasília, também possui um sistema de geração de receita semelhante. Segundo o responsável pelo departamento de Marketing, Max Diniz, a unidade comercializa, além de publicações, sementes e serviços como análise de solo, milho em algumas épocas do ano. "No período chuvoso, quando não é possível continuar com as pesquisas em algumas áreas, a fim de aproveitá-las, plantamos milho para comercialização na região."
Por sua vez, a unidade Caprinos chega a vender na região de Sobral, no Ceará, derivados de leite de cabra como doce e queijos.
Auto-suficiência
No entanto, a entidade ainda está longe da auto-suficiência. Em 2003, a receita própria somou R$ 116 milhões contra gastos totais de R$ 790 milhões. A diferença foi contemplada por recursos do governo federal. De todos os itens que compõem a despesa, o maior ficou por conta da folha de pagamento: R$ 563 milhões.
Projeto do leite será 'exportado'
Criado pelos pesquisadores da unidade Pecuária Sudeste da Embrapa, o projeto Transferência de Tecnologia para Produtores Familiares de Leite do Estado de São Paulo comemora resultados como sua 'exportação' para os estados vizinhos do Paraná e Rio de Janeiro. A iniciativa, que está hoje em sua terceira versão, conta com a parceria da CATI, sindicatos rurais e prefeituras locais.
Ao todo já são 105 propriedades demonstradoras de tecnologia ao longo do Estado de São Paulo. Quando tudo começou eram apenas 16 produtores envolvidos, sendo oito em São Carlos (interior paulista) e outros oito em Muriaé (MG).
No entanto, segundo o chefe adjunto de Comunicação, Negócios e Apoio da unidade, Sérgio Novita Esteves, a abrangência do projeto supera as 105 demonstradoras. "Na verdade, um dos grandes diferenciais do projeto é o seu efeito multiplicador. Cada técnico treinado pela Embrapa tem capacidade para repassar o conhecimento a pelo menos outras cinco propriedades." Segundo dados da Embrapa, na região Sudeste existem 633,6 mil unidades familiares. Do total, 86% produzem menos de 100 litros/dia e são responsáveis por 36% da oferta de leite.
As vantagens para os produtores são garantidas. O investimento é praticamente nulo uma vez que a base do projeto está na organização de uma detalhada planilha de dados zootécnicos (número de animais, idade, peso, cruzamentos, nascimentos) e econômicos (produção, venda, preços). Para se ter uma idéia, em propriedades cuja produção está pouco acima de 100 mil litros/ano, houve um aumento de até 127% nos volumes de leite.