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Jornal do Brasil

Embalagem feita a partir de mandioca (1 notícias)

Publicado em 28 de setembro de 1999

Uma embalagem para alimentos secos totalmente biodegradável foi desenvolvida pelos pesquisadores do Centro de Raízes e Amidos Tropicais (Cerat) da Unesp, em Botucatu (SP), e está sendo fabricada e comercializada por duas microempresas da cidade, projeto apoiado pelo Sebrae. A bioembalagem, feita com o amido ou o farelo de mandioca, substitui as confeccionadas a partir de derivados do petróleo, como o isopor (polistireno expandido), ou de madeira, caso das derivadas de papel ou papelão. Ideal para produtos secos - Ovos, frutas, legumes, sementes, diz a pesquisadora Marney Pascoli Cereda, diretora do Cerat -, a bioembalagem resiste até dez dias em geladeira, sem perder a característica original. Após ser descartada, leva apenas dez dias para ser degradada, dependendo do ambiente do lixo. A caixinha de isopor leva até 100 anos para se decompor. É a nossa contribuição social para ajudar a despoluir o meio ambiente e também para valorizar a mandioca, um produto típico da América Latina e que faz parte da nossa cultura, comenta Mamey. O processo de fabricação é bem simples. A mandioca dó tipo industrial, a conhecida mandioca brava, macaxeira ou aipim, melhorada para produzir mais amido e isenta de cianeto, é ralada. Com uma peneira giratória, o amido ou fécula é separado do farelo. Tanto o amido quanto o farelo são termoprensados e, ainda quentes, removidos da máquina. Está pronta a embalagem. O uso de corantes naturais, como açafrão, é opcional. Cada tonelada de mandioca, que tem preço médio de R$350,00, dá para fabricar 50 mil embalagens de 20g. No Cerat/Unesp, a produção da bioembalagem é feita em escala piloto, 30 peças por hora/ferramenta. Em função disso, o custo estimado ainda está cerca de 30% acima do custo de produção de embalagens de isopor, embora a bioembalagem tenha condição de competir com preços menores, diz a pesquisadora. Nossos principais interessados são os produtores de alimentos naturais, sem agrotóxico. Segundo Marney, a bioembalagem pode ser moldada em diversas formas, de acordo com o produto a ser guardado. A utilização da mandioca para produção de bioembalagens só traz benefícios: A mandioca é uma fonte natural renovável. O surgimento de mais um mercado consumidor acionará uma cadeia produtiva no agronegócio, que contribuirá para a manutenção do agricultor no campo. Apesar de teoricamente a bioembalagem ser comestível, isso não é recomendável, por questões de higiene e saúde. No entanto, nada impede que ela seja reciclada para integrar a ração animal. Agora o Cerat da Unesp está pesquisando um filtro de plástico, flexível, tipo PVC, também derivado de mandioca e, segundo Marney, uma empresa multinacional já está interessada nos estudos.