Uma embalagem para alimentos secos totalmente biodegradável foi desenvolvida pelos pesquisadores do Centro de Raízes e Amidos Tropicais (Cerat) da Unesp, em Botucatu (SP), e está sendo fabricada e comercializada por duas microempresas da cidade, projeto apoiado pelo Sebrae.
A bioembalagem, feita com o amido ou o farelo de mandioca, substitui as confeccionadas a partir de derivados do petróleo, como o isopor (polistireno expandido), ou de madeira, caso das derivadas de papel ou papelão. Ideal para produtos secos - Ovos, frutas, legumes, sementes, diz a pesquisadora Marney Pascoli Cereda, diretora do Cerat -, a bioembalagem resiste até dez dias em geladeira, sem perder a característica original.
Após ser descartada, leva apenas dez dias para ser degradada, dependendo do ambiente do lixo. A caixinha de isopor leva até 100 anos para se decompor. É a nossa contribuição social para ajudar a despoluir o meio ambiente e também para valorizar a mandioca, um produto típico da América Latina e que faz parte da nossa cultura, comenta Mamey.
O processo de fabricação é bem simples. A mandioca dó tipo industrial, a conhecida mandioca brava, macaxeira ou aipim, melhorada para produzir mais amido e isenta de cianeto, é ralada. Com uma peneira giratória, o amido ou fécula é separado do farelo. Tanto o amido quanto o farelo são termoprensados e, ainda quentes, removidos da máquina. Está pronta a embalagem. O uso de corantes naturais, como açafrão, é opcional.
Cada tonelada de mandioca, que tem preço médio de R$350,00, dá para fabricar 50 mil embalagens de 20g. No Cerat/Unesp, a produção da bioembalagem é feita em escala piloto, 30 peças por hora/ferramenta. Em função disso, o custo estimado ainda está cerca de 30% acima do custo de produção de embalagens de isopor, embora a bioembalagem tenha condição de competir com preços menores, diz a pesquisadora. Nossos principais interessados são os produtores de alimentos naturais, sem agrotóxico.
Segundo Marney, a bioembalagem pode ser moldada em diversas formas, de acordo com o produto a ser guardado. A utilização da mandioca para produção de bioembalagens só traz benefícios: A mandioca é uma fonte natural renovável. O surgimento de mais um mercado consumidor acionará uma cadeia produtiva no agronegócio, que contribuirá para a manutenção do agricultor no campo.
Apesar de teoricamente a bioembalagem ser comestível, isso não é recomendável, por questões de higiene e saúde. No entanto, nada impede que ela seja reciclada para integrar a ração animal. Agora o Cerat da Unesp está pesquisando um filtro de plástico, flexível, tipo PVC, também derivado de mandioca e, segundo Marney, uma empresa multinacional já está interessada nos estudos.
Notícia
Jornal do Brasil