Pesquisadores da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) têm acompanhado há cerca de um ano um grupo de 55 mulheres que tiveram diagnóstico confirmado de Zika durante a gestação.
Todas levaram a gravidez até o final. Os bebês nasceram vivos e nenhum caso de microcefalia ou de qualquer alteração neurológica grave foi identificado.
Os dados foram apresentados pelo professor da Famerp Maurício Lacerda Nogueira, em 31 de maio, durante o evento São Paulo School of Advanced Science in Arbovirology, que está sendo realizado com apoio da FAPESP entre os dias 29 de maio e 9 de junho.
“Cerca de 28% dos bebês apresentaram alguma alteração no nascimento, como pequenas calcificações no cérebro, pequenas lesões em vasos cerebrais, surdez unilateral ou danos à retina. Alguns deles apenas tinham o vírus no organismo, mas não apresentavam sintomas. E nenhuma alteração neurológica mais grave foi observada”, disse Nogueira em entrevista à Agência FAPESP.
Como pontuou o pesquisador, todas a crianças incluídas no estudo teriam sido consideradas normais pelos serviços de saúde e não teriam os sintomas identificados se não estivessem participando de um protocolo de pesquisa. O padrão observado em São José do Rio Preto, segundo Nogueira, é muito diferente do que tem sido verificado em estados da região Nordeste ou mesmo no Rio de Janeiro.
Um estudo publicado em 2016 no New England Journal of Medicine por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) constatou que 39,2% das grávidas infectadas com o vírus no Rio de Janeiro tiveram bebês com alterações neurológicas importantes e 7,2% das gestações não chegaram ao fim – totalizando 46,4% de desfechos adversos. Foram incluídas nesse estudo 125 gestantes com diagnóstico confirmado de Zika. Quatro bebês nasceram com microcefalia, pouco mais de 3% da amostra estudada.
Agência Fapesp