Nesta terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou, ao lado da ministra da Saúde, Nísia Trindade, um acordo para a produção de vacinas e medicamentos. O evento foi realizado no Palácio do Planalto e ocorreu em meio à possibilidade de troca no comando da pasta. No entanto, durante o anúncio Lula não se pronunciou e, ao ser questionado sobre a provável mudança no ministério, o presidente preferiu não dar nenhuma resposta.
Lula não discursou durante o anúncio.
O evento anunciou a incorporação da primeira vacina brasileira contra a dengue de dose única, produzida pelo Instituto Butantan, no Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de 2026. O imunizante vai atender a faixa etária de 2 a 59 anos e será produzido em larga escala. Segundo Nísia, a dengue deve ser uma prioridade em todos os quesitos, seja para vacinas ou testes. Ela comentou, ainda, que se trata de uma candidata à vacina, pois ainda precisa passar pela aprovação da Anvisa. “Mas a vacina do Butantan é uma candidata fortíssima. É uma vacina que vem sendo desenvolvida há muito tempo, 10 anos”, declarou.
Durante o seu discurso, a ministra da Saúde destacou que a vacina, por enquanto, não será indicada para idosos, sendo que a aplicação será feita em pessoas com até 59 anos de idade. Logo depois que a ministra tocou nesse ponto, Lula fez um gesto em que se mostrou insatisfeito. Por isso, ele foi questionar ao vice-presidente, Geraldo Alckmin, que também é médico, para saber o motivo pelo qual os idosos não estão incluídos.
O acordo vai viabilizar 60 milhões de doses anuais, com possibilidade de ampliação. O governo afirma que isso só foi possível por conta de parcerias público-privadas, já que tem como objetivo fortalecer a produção nacional para o SUS, por meio do Complexo Econômico-Industrial da Saúde.
Com o cargo ameaçado, a ministra da Saúde buscou auxílio do chefe da Casa Civil, Rui Costa, e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para que continuasse no posto. Os dois petistas, que são próximos de Lula, decidiram ajudá-la e planejaram, junto a Nísia, uma apresentação da versão final do Programa Mais Acesso a Especialistas (PMAE) para o presidente. O programa, também chamado de Programa Nacional de Expansão e Qualificação da Atenção Ambulatorial Especializada, é uma estratégia da Política Nacional de Atenção Especializada em Saúde – PNAES e tem como objetivo ampliar e qualificar o cuidado e o acesso à Atenção Especializada em Saúde – AES. O foco é tornar o acesso do paciente às consultas e aos exames especializados o mais rápido possível e com menos burocracia, a partir do encaminhamento realizado pelas equipes de Atenção Primária – eAP, por exemplo a Equipe de Saúde da Família – eSF.
Mesmo que o programa esteja na lista das apostas pessoais de Lula para uma nova vitrine do governo na Saúde, o presidente não parece convencido com os resultados apresentados pela ministra até o momento. Por conta de sua insatisfação na pasta, Lula pensa em buscar outro nome para se tornar ministro da Saúde. Tudo isso ocorre num momento em que a popularidade do governo cai a cada dia, tendo sido confirmada por pesquisas nas últimas semanas.
No entanto, Nísia ainda não foi procurada por Lula para saber como ficará sua situação no governo e, segundo fontes ligadas ao governo, a expectativa é que o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), a substitua.