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Jornal do Brasil

EM LIVRO DISTRIBUÍDO PELO MEC SARNEY AINDA ERA O PRESIDENTE

Publicado em 22 maio 1996

BRASÍLIA - O Ministério da Educação retirou 264 títulos de livros didáticos do catálogo preparado para as escolas de alfabetização e de 1ª a 8ª séries. A partir da avaliação dos 1.087 títulos que foram apresentados pelas editoras para o ano letivo de 1997, o MEC excluiu todos aqueles que apresentavam conceitos considerados errados ou de conteúdo preconceituoso. Um dos livros estava desatualizado, afirmando que o presidente do Brasil ainda é José Sarney. Outro dizia que o pulmão, o estômago e o intestino são músculos. Também foi descartado um livro que descrevia a aranha como invertebrado nocivo. Além do impacto dos cortes, as editoras, a partir de agora, vão enfrentar um novo critério adotado pelo MEC para ajudar as escolas na seleção do material didático: os melhores livros estarão identificados no catálogo com uma ou duas estrelas. O ministro da Educação, Paulo Renato de Souza, explicou ontem que ainda está discutindo com as editoras os critérios que foram adotados para os cortes de livros. E adiantou que a editora paulista Ática desmentiu a noticia de que iria entrar na Justiça contra o ministério, contestando a exclusão de alguns de seus livros. "Os 264 livros ficarão fora da compra que o MEC fará para as escolas públicas na maioria dos estados, mas as editoras ainda têm a chance de corrigir erros e participarem de compras que faremos no segundo semestre para o Norte e Nordeste", afirmou o ministro. As aquisições representam 60% do mercado de livros didáticos no Brasil. Só para este ano foram comprados 110 milhões de livros. Em São Paulo e em Minas Gerais, as compras do material didático já estão descentralizadas. A Fundação de Assistência ao Estudante (FAE) repassa os recursos, as secretarias de Educação escolhem os títulos e compram diretamente das editoras. A compra de livros para os alunos de 5ª a 8ª séries nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Goiás e Distrito Federal também já está descentralizada. DENÚNCIAS AO DISQUE-EDUCAÇÃO BRASÍLIA - Já são mais de 100 as denúncias de venda ou aluguel de livros didáticos doados às escolas públicas em vários estados. Ontem, o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, condenou a venda do material da Fundação de Assistência ao Estudante (FAE). "A atitude é ilegal e os responsáveis podem ser punidos", ameaçou. Segundo o ministro, caberá ao Ministério Público investigar as denúncias. As acusações ainda não foram checadas pelo MEC, que vai pedir apoio das secretarias de Educação para confirmá-las. Em São Paulo, a secretaria estadual de Educação descobriu que na Escola Estadual Moura Campos, em Botucatu, os livros vendidos não pertenciam ao lote da FAE. A escola matriculou mais alunos de 1ª série do que o previsto e, em decorrência disso, faltaram 36 cartilhas, que foram comprados pela professora e cobrados aos pais. Em Ribeirão das Neves (MG), os pais de alunos da Escola Estadual Nossa Senhora da Conceição negam a denúncia de que a escola cobrou R$ 5 por cada livro doado pela FAE. Os pais afirmam que compraram novos livros, por faltarem 105 unidades na escola. Na cidade de Mata (RS), a diretora da escola estadual Florismundo Eggres da Silva, Vanderleei da Silva Küster, também negou as denúncias. Segundo ela, o professor de Matemática considerou os livros da FAE de nível muito alto e resolveu fazer polígrafos de revisão da matéria, cobrando pelas cópias.